"Sexo é um dom de Deus. Não é um monstro", disse pontífice. Segundo ele, também é importante escolher bem os professores responsáveis por abordar o tema para ter uma educação sexual sem "colonização ideológica".Ao voltar do Panamá no domingo (27/01), onde participou da Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco fez uma coletiva de imprensa e abordou alguns temas, entre eles a educação sexual nas escolas, que ele defendeu como necessária.
O papa falou sobre a importância da educação sexual no ambiente escolar ao responder ao questionamento de um dos 70 jornalistas sobre a gravidez precoce em alguns países do continente americano e a ausência dessa disciplina nos colégios do Panamá
"Creio que nas escolas é preciso dar educação sexual. Sexo é um dom de Deus. Não é um monstro. É o dom de Deus para amar e se alguém o usa para ganhar dinheiro ou explorar o outro, é um problema diferente. Precisamos oferecer uma educação sexual objetiva, como é, sem colonização ideológica", explicou.
O pontífice também afirmou que é importante escolher bem os professores que abordarão o assunto e que o ideal seria o debate começar em casa, entre as crianças e os pais.
"Nem sempre é possível por causa de muitas situações familiares, ou porque não sabem como fazê-lo. A escola compensa isso e deve fazê-lo, caso contrário, resta um vazio que é preenchido por qualquer ideologia", disse.
Francisco também falou sobre o aborto ao ser indagado sobre a sua mensagem de misericórdia para o sofrimento das mulheres nesta situação. Segundo ele, "a mensagem da misericórdia é para todos".
"É preciso estar no confessionário, ali deve dar consolo e por isso concedi a todos os padres a faculdade de absolver o aborto, por misericórdia", lembrou.
O problema, explicou, não é dar o perdão, mas acompanhar essas mulheres e não atacar. "O drama do aborto, para ser bem entendido, precisa estar num confessionário. É terrível", declarou.
Jornada
Durante os cinco dias que esteve no Panamá para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o papa também pediu que os jovens evitem os rótulos e solicitou que os bispos centro-americanos estejam perto do sofrimento das pessoas nesta região.
Francisco se despediu no aeroporto internacional de Tocumen em um ato oficial liderado pelo presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, e sua esposa e primeira-dama, Lorena Castillo, e às 18h26 local partiu no Boeing 787 da companhia aérea Avianca rumo a Roma.
Nos dias que passou no país, Francisco proferiu uma dezena de discursos diante de centenas de milhares de pessoas, em atos com funcionários governamentais, diplomatas e bispos, e em visitas a um centro de menores e um lar para doentes de Aids.
A corrupção, a transparência na administração pública e privada, a inclusão, o reconhecimento dos povos indígenas, a violência, os feminicídios e a migração estiveram entre os temas abordados pelo máximo pontífice.
Neste último dia de JMJ, o papa dedicou palavras à Venezuela e disse que "diante da grave situação que atravessa", pede "ao Senhor que busque e alcance uma solução justa e pacífica para superar a crise, respeitando os direitos humanos e desejando o bem de todos os habitantes do país".
Além disso, Francisco expressou seus pêsames pela tragédia da barragem da Vale em Minas Gerais.