Após reiterar em várias entrevistas que não tem planos de renunciar, o Papa Francisco optou por abordar também esse assunto em sua autobiografia, que será lançada inicialmente na próxima quarta-feira (19). Nele, ele expressa sua convicção de que sua saúde continua robusta o bastante para continuar guiando a Igreja Católica.
TRECHOS DO LIVRO: As declarações estão entre os trechos do livro que o jornal italiano Corriere della Sera reproduziu em edição desta quinta-feira (14). "Esta é uma hipótese distante, pois não tenho motivos sérios o suficiente que me façam pensar em desistir [...] Graças a Deus, gozo de boa saúde e, se Deus quiser, ainda há muitos projetos a realizar", diz o texto.
PROBLEMAS DE SAÚDE? Os rumores de uma eventual renúncia de Francisco têm se intensificado à medida que sua saúde se deteriora. O religioso, que tem 87 anos e completou uma década de pontificado em 2023, tem sofrido com uma série de doenças nos últimos anos e costuma usar uma cadeira de rodas ou uma bengala em suas aparições públicas devido a dores persistentes no joelho. Também tem tido bronquites recorrentes, a última delas no início de março.
ADMITIU DEIXAR O CARGO: O próprio papa admitiu a possibilidade de deixar o cargo em algumas ocasiões, em uma indicação de que o gesto de Bento, primeiro papa a renunciar desde Gregório 12 (1406-1414), reabriu o precedente para que líderes católicos não encarem a missão como necessariamente vitalícia. Ao mesmo tempo, o argentino também costuma falar que, enquanto seu corpo permitir, deseja seguir chefiando a instituição.
BENÇÃO A CASAIS DO MESMO SEXO: A questão da renúncia não é o único assunto controverso que Francisco, conhecido por declarações espontâneas que não raro geram polêmica e o obrigam a rever suas palavras, trata na obra. No livro, ele defende, por exemplo, sua decisão recente de permitir que padres abençoem casais do mesmo sexo, que causou furor dentro da comunidade católica, apesar de não implicar nenhuma mudança efetiva de doutrina.
CONDENAÇÃO AO ABORTO: Em diferentes partes da obra, o Papa Francisco reitera sua condenação ao aborto e à prática da barriga de aluguel. Além disso, destaca que seu compromisso com os pobres e marginalizados não o caracteriza como comunista ou marxista, como alguns de seus críticos afirmam. Embora o Papa já tenha diversas publicações em seu nome, "Vida - Minha História Através da História" marca sua primeira incursão em suas memórias de forma mais abrangente. O livro, escrito em colaboração com o jornalista italiano Fabio Marchese Ragona, será lançado inicialmente em italiano e inglês. No Brasil, está previsto para ser publicado em abril pela editora HarperCollins.
(Com informações da FolhaPress)