O presidente Vladimir Putin pediu nesta terça-feira (22) à câmara alta do Parlamento russo a permissão para usar as forças armadas da Rússia no exterior depois de reconhecer formalmente duas regiões separatistas do leste da Ucrânia. O pedido foi aprovado por unanimidade logo em seguida.
A medida entra em vigor imediatamente, segundo um deputado presente à sessão.
Dirigindo-se à câmara durante uma parte de uma sessão noturna que foi transmitida no site da câmara, um dos vice-ministros da Defesa da Rússia disse que a Rússia não teve escolha e pediu para aprovar o deslocamento de tropas ao exterior. "Precisamos colocar essas pessoas sob nossa proteção", afirmou.
Antes, o Parlamento da Rússia ratificou o acordo assinado por Putin para defender os separatistas do leste da Ucrânia, após o reconhecimento de suas repúblicas.
"O reconhecimento da independência das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e a ratificação dos acordos de amizade, cooperação e ajuda devem pôr fim ao conflito, à morte dos nossos concidadãos que ali vivem", declarou o presidente da Duma, a câmara baixa russa, Viacheslav Volodin.
Os deputados aprovaram os dois textos por unanimidade, com 400 votos a favor em um caso, e 399, no outro. Neste último, um dos membros da Casa não apertou o botão para votar a tempo.
Na sequência, os deputados aplaudiram de pé a tramitação do texto.
Pouco depois, os membros da câmara alta, o Conselho da Federação, seguuiram a mesma direção, aprovando ambos os textos.
"Esta é uma decisão há muito tempo esperada. A ratificação desses acordos abre uma nova vida, dá novas possibilidades aos moradores de Donetsk e Luhansk", afirmou a presidente do Conselho, Valentina Matviyenko, após a votação.
Os acordos de ajuda entre a Rússia e os separatistas ucranianos vão durar dez anos. A decisão de Putin gerou uma onda de repúdio dos países ocidentais, que anunciaram duras sanções à Rússia.
Ucrânia pede aos países ocidentais mais armas contra Rússia
O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, disse nesta quinta-feira (22) que os países ocidentais deveriam intensificar o envio de armas para seu país, para ajudá-lo a resistir contra a Rússia.
"Nesta manhã, enviei uma carta ao secretário britânico das Relações Exteriores, pedindo armas defensivas adicionais para a Ucrânia. Com a mesma pergunta, vou me dirigir aos meus interlocutores nos Estados Unidos", afirmou.
"Nossas melhores garantias serão nossa diplomacia e armas. Vamos mobilizar o mundo inteiro para termos tudo de que precisamos para fortalecer nossas defesas", frisou.
Kuleba deverá conversar ainda nesta terça-feira com Antony Blinken, o secretário de Estado americano (cargo equivalente ao de ministro de Relações Exteriores).