O presidente da escola de samba Portela, uma das atingidas pelo fogo que começou por volta das 7h desta segunda-feira (7) na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, não acredita que o incêndio tenha sido criminoso. "Só se for algum maluco! Quem vai queimar o carnaval do Rio de Janeiro?", respondeu Nilo Figueiredo.
Para o delegado Daniel Mayr, que investiga o incêndio ?não há nenhum indício, nem mesmo por conversas informais? de que a ocorrência tenha sido criminosa.
Além da Portela, foram afetadas a Grande Rio e a União da Ilha. A mais prejudicada foi a Grande Rio, que perdeu todas suas 3.300 fantasias e oito carros alegóricos.
Segundo Luis André Moreira Alves, engenheiro da Defesa Civil Municipal do Rio, o segundo pavimento dos barracões afetados terão de ser demolidos. As equipes da defesa Civil aguardam laudo dos peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) antes de efetuar a demolição. Luis André garante que o primeiro pavimento não sofre risco de colapsar. Para não prejudicar a estrutura que restou sem maiores danos, a demolição do segundo pavimento deve ser feita de dentro para fora do barracão, segundo explicou o engenheiro.
De acordo com Elmo José dos Santos, diretor de carnaval da Liesa (Liga das Escolas de Samba), ainda é desconhecida a causa do incêndio e tampouco o local onde o fogo começou. Elmo também descarta qualquer possibilidade de ação criminosa. "Não. No Rio de Janeiro, graças a Deus, isso não existe. Pelo contrário, as escolas de samba se ajudam. A competição é só nos 82 minutos.?
Antonio Pedro Figueira de Melo, secretário municipal de Turismo do Rio, disse que, segundo a informação que obteve junto ao Corpo de Bombeiros, tudo o que poderia ter sido feito para minimizar os estragos foi feito. "É sempre bom elaborar [novos procedimentos]. Quando acontece alguma coisa, é sempre bom avaliar e aprender com os erros", disse de forma evasiva.
Melo adiantou que as empresas responsáveis pela construção da Cidade do Samba ?obra recente, inaugurada em 2006? já foram contatadas para avaliarem o prejuízo e começarem imediatamente a reconstrução dos quatro barracões queimados.
Recuperação
Apesar da enorme dificuldade, o presidente da Portela garantiu que será feito "todo o possível" para que a escola recupere suas fantasias e faça um desfile digno na Marquês de Sapucaí. A agremiação usará sua quadra principal em Madureira, zona norte do Rio, e o barracão central da Cidade do Samba para refazer os figurinos. Ao todo, 2.800 fantasias da Portela viraram pó. Porém, nenhum carro alegórico foi queimado.
Segundo Elmo, diretor de carnaval da Liesa, todos os presidentes das demais escolas estão sensibilizados com o ocorrido. "Todos estão se pondo à disposição, oferecendo carpinteiros, ferreiros, decoradores. Alguns se propondo até a desenvolver tripé no barracão da própria escola", disse.
Está prevista para esta noite uma reunião com os membros da Liesa para rediscutir o Carnaval deste ano. Estará em pauta a discussão sobre a participação ou não das três escolas afetadas no evento e o risco de serem rebaixadas para o Grupo de Acesso. Além disso, será discutida uma possível revisão no calendário, já que as três escolas desfilariam no mesmo dia (segunda-feira, 7 de março).
O presidente da Portela já dá o tom da reunião de logo mais. "A princípio, não sobe ninguém, não desce ninguém.? Os presidentes das escolas de samba que participam no Grupo de Acesso não participarão da reunião.