A terapeuta ocupacional e sanitarista Sabrina Ferigato, de 30 anos, viu um de seus momentos mais íntimos se espalhar em blogs, sites e comentários pela rede. Mas não à toa. O nascimento de seu filho Lucas, hoje com cinco meses, foi uma iniciativa compartilhada entre ela e mulheres do grupo Samaúma, de Campinas (SP), que oferece profissionais e assistência a mães que desejam um parto humanizado.
O que Sabrina não esperava é que a iniciativa fosse vista por mais de 2 milhões de vezes no YouTube ? e despertasse reações de mães que se reconheceram em seu lugar, outras que repensaram a escolha da cesariana ou apenas se emocionaram ao longo dos 14 minutos de vídeo (o parto durou nove horas). A seguir, confira as imagens e uma entrevista com Sabrina.
Meus 5 Minutos ? Como foi a gravidez do Lucas e a escolha por esse tipo de parto, domiciliar?
Sabrina Ferigato ? A gestação do Lucas foi planejada e, como eu trabalho com um processo de humanização na saúde, desde o início procurei equipes de parto humanizado, em que é feito o menor número de intervenções possível sem deixar de lado a segurança técnica e as necessidades da mãe e do bebê. Independente de hospitalar ou domiciliar, eu queria um parto em que pudesse ser protagonista junto com meu esposo [Fernando Mercier Queiroz, turismólogo de 29 anos].
M5M ? Como foi dar à luz desta forma?
Sabrina ? Meu parto durou nove horas e nesse tempo a equipe do Samaúma monitorou constantemente a minha saúde e a do bebê para saber se poderíamos seguir assim. O Fernando, meu esposo, ficou o tempo todo ao meu lado e foi fundamental para tornar a dor mais suportável e o momento mais especial. Acho que quando se vivencia um parto com toda a intensidade, como foi o meu, a tarefa de ser mãe se torna mais fácil. O parto dessa forma foi importante para que eu amadurecesse a mãe que estava nascendo em mim.
M5M ? Por que você resolveu compartilhar esse momento tão pessoal na internet?
Sabrina ? A ideia veio da Vívian Scaggiante, da Além D?Olhar Fotografia e do grupo Samaúma, e resolvemos divulgar para militar pelos direitos das mulheres de ter um parto humanizado, respeitoso. Mas eu jamais esperei tanta repercussão. O fator positivo foi ver o vídeo movimentando mentes e corações no Brasil e iniciando uma discussão importante de saúde pública, até mesmo em blogs específicos sobre o tema.
M5M ? Você recebeu mensagens de mulheres de todo o Brasil, e até do exterior, por conta do vídeo. O que leu nesses relatos?
Sabrina ? A maioria das mães que me escreveram agradeceu a iniciativa de ter compartilhado um momento como esse e disse se sentir tocada pela experiência. Outras se inspiraram a fazer partos humanizados, e outras ainda rememoraram seus partos a partir do meu, o que é legal. Mas é importante falar que o vídeo não tem a expectativa de romantizar o parto, e sim de torná-lo um momento singular para cada família, sem precisar estar relacionado a procedimentos médicos, como uma doença. Cada parto é único, e é isso que procuramos respeitar.