Partos cesáreos aumentam probabilidade de morte da mãe em 120 vezes

“O nascimento deve ser realizado de forma natural vindo da vontade do bebê.

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Os partos realizados através de cesarianas se tornaram comuns nas últimas décadas. Em hospitais públicos, o índice de cesarianas atinge a marca dos 40%, bem acima dos 15% recomendados como taxa máxima pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na rede privada, o percentual é ainda mais preocupante e chega a 84%, tornando o Brasil o país recordista desse tipo de parto no mundo.

O agravante nesse tipo de procedimento, de acordo com o Ministério da Saúde, é que muitas vezes não há indicação médica de que pode causar riscos à saúde da mulher e do bebê, aumentando em 120 vezes a probabilidade de morte da mãe.

Sendo assim, o Ministério da Saúde juntamente com os municípios, incentivam o parto normal e também o acompanhamento do pré-natal. É o que afirma a apoiadora do Ministério da Saúde, Clara Noleto, que atua em todas as maternidades públicas de Teresina. “O nascimento deve ser realizado de forma natural vindo da vontade do bebê.

A cesariana deve ser feita em último caso, pois o número da mortalidade materna não diminuiu com esse procedimento”, explica.

Clara conta que, hoje, a cesariana deixou de ser um recurso emergencial de salvar vidas, e passou a ser vista como uma forma mais fácil e rápida de ter um bebê. “O problema é que o procedimento contribui para a mortalidade materna, pois alguns são feitos sem uma prévia seleção. Consequentemente, a criança terá problemas de saúde”, afirma.

Segundo a apoiadora, o Ministério da Saúde apoia ao parto normal em todo Brasil, e cita o exemplo de Teresina. “Através dos trabalhos em parceria com o município e Ministério da Saúde, o Piauí, especialmente Teresina, reduziu o número da mortalidade materna”, confirma.


As maternidades da capital trabalham com o incentivo ao parto normal, tendo a maternidade Dona Evangelina Rosa, como a segunda maior maternidade com o número de partos. São cerca de 850 por mês.

Ministério da Saúde estabelece regras para estimular parto normal

Por conta do grande número de mulheres beneficiárias dos planos de saúde (23,7 milhões), na última quarta-feira (7), o Ministério da Saúde, em parceria com a Agência Nacional de Saúde (ANS), publicou resolução que estabelece normas para o incentivo ao parto normal e a diminuição das cesarianas desnecessárias na saúde suplementar.

A Resolução Normativa nº 368 dá 180 dias para que os planos de saúde se adaptem às novas regras. A primeira é a ampliação de informações relacionadas aos percentuais de cirurgias cesarianas e também partos normais por estabelecimento de saúde e por médico obstetra.

A mulher deverá ter as informações por no máximo 15 dias, contados a partir da data de solicitação; caso contrário, o plano de saúde sofrerá multa no valor de R$ 25 mil.

A segunda prevê a obrigatoriedade para que as operadoras forneçam o cartão da gestante, contendo o registro de todo pré-natal. Sendo assim, qualquer profissional de saúde terá conhecimento de como se deu a gestação.

Já a terceira indica que todos os dados relativos à evolução do parto (como dilatação, tempo das contrações, etc.) devem ser registrados em um partograma, documento gráfico em que são feitos registros de tudo o que ocorre durante o parto.

Partos normal e cesáreo ainda geram dúvidas nas futuras mães

Muitas são as dúvidas entre o parto normal e a cesariana. Ginecologistas informam que as cesáreas aumentam o risco de um bebê nascer prematuro, e que essa é uma das causas de mais da metade das mortes de crianças no país.

Outras mulheres não obtêm informações de seus obstetras sobre o próprio corpo e acabam procurando por familiares que muitas vezes disseminam informações de forma errada, ao dizer que o corpo da mulher ficará deformado ou sexualmente inadequado, por exemplo.

Segundo obstetras, pode-se aliviar a dor do parto normal com anestesia epidural ou recorrendo a outros métodos não farmacológicos, como banho de imersão, caminhar, massagens e acupuntura.

Outras vantagens do parto normal para mãe, além da recuperação rápida e menor tempo no hospital, são os menores riscos de infecção, além do favorecimento da produção de leite materno, e ainda o útero voltar ao seu tamanho normal mais rapidamente.

Além disso, é importante que a mulher faça o pré-natal para saber se tem condições de ter um parto normal. Caso esteja tudo certo, não existem contraindicações. (D.V.)

Mães apostam no parto normal para terem recuperação mais rápida

Em alguns casos, ainda que a falta de informação leve a mãe a optar pela cesariana, outras procuram seguir a forma natural. É o caso da mãe Enedina Rosal, que deu à luz três filhos de parto natural. Ela relata a importância desse tipo de procedimento.

"Acredito principalmente pela recuperação, pois a dor é momentânea e vale a pena. Além disso, a cesariana nunca me passou pela cabeça, pois o parto normal sempre foi minha primeira opção", diz, confiante.

Porém, algumas pessoas não entendem o motivo da mãe querer o parto normal. "Alguns não me incentivavam, outros, assustados, me chamavam de corajosa quando eu dizia que teria parto normal, pois foram três", conta.

Enedina deu à luz Davi de sete meses, e confirma que sua recuperação foi bastante rápida, pois em apenas 24 horas depois do parto, recebeu alta sem nenhum tipo de complicação. Seus outros dois filhos, Isabela e Gabriel (o bebê nasceu prematuro, e infelizmente, depois de dias internado, não resistiu), também nasceram de parto natural.

Isabela de seis anos, veio ao mundo através de parto sem grandes complicações. "Senti dores normais de parto. Em seguida, cheguei à maternidade às 11 da noite, e às 8 horas da manhã tive Isabela", para a alegria de toda a família.

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