Páscoa: Tempo de Ressurreição em meio a pandemia

Nesse momento em que tradicionalmente se relembra a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, Igreja Católica restringe celebrações para evitar aglomerações. Para o comércio, a venda de ovos de chocolate movimenta o setor

Padre Anderson | Divulgação
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Cada ser humano passa por ciclos de vida, de morte e também os seus renascimentos. A passagem de Cristo e a ressurreição para a vida eterna, período conhecido como Páscoa, também servem como uma metáfora para entender os processos da vida. As pessoas nascem, morrem, renascem e, diante da pandemia, mais do que nunca é preciso ter esta compreensão destes processos. A humanidade se encontra diante do invisível e desconhecido, uma vez que a ação do vírus é individualizada, ou seja, cada pessoa é impactada de forma diferente e os efeitos são complexos. 

Originalmente, o termo Páscoa surgiu do latim pascha que, por sua vez, deriva do hebraico pessach, que significa ‘a passagem’ e é tradicionalmente comemorada pelas religiões cristãs que relembram a crucificação e morte de Jesus Cristo, celebrando sua ressurreição. Originalmente, a Páscoa foi iniciada pelos judeus e no cristianismo passou a ser comemorada com novo significado.

Aos hebreus, Páscoa foi celebrar um rito, onde se matava um cordeiro que era comido invocando a proteção de Deus. Por volta do ano 1250 a.C este rito tomou para os descendentes de Abraão um novo significado: a passagem de Deus. Aos judeus também significou a passagem pelo Mar Vermelho na noite do Êxodo, da escravidão para liberdade. Sair do Egito e passar para uma terra prometida.

Padre Anderson explica a origem da celebração pascal | FOTO: Divulgação

“O sentido da Páscoa para nós significa antes de tudo celebrar um rito. Mas o mesmo que se exigiu dos hebreus e de Jesus Cristo fazer uma 'passagem', a nossa passagem é traduzida pela palavra conversão. Nós somos ainda escravos, como os hebreus do Egito, também de muitas escravidões de pecados.  Precisamos fazer a passagem da vida velha para a vida nova. Mas, também significa nossa 'passagem' através da morte para a vida eterna”, esclarece Padre Anderson Fábio, vice-reitor do Seminário de Filosofia Dom Edilberto Dinkelborg, em Teresina.

O religioso revela ainda que a Páscoa como “passagem” está descrita no Antigo Testamento como a libertação do povo israelita da escravidão no Egito. A Páscoa é celebrada pelos judeus para comemorar a liberdade conquistada pelo seu povo. “No Novo Testamento, a Páscoa é a celebração da passagem da morte para a vida, através da ressurreição de Jesus Cristo. A ressurreição de Jesus significa também a nossa ressurreição”, acrescenta o sacerdote.

Data também aquece o comércio local

No período em que é comemorada a Páscoa, um dos itens que não pode faltar na casa dos brasileiros é o ovo de Páscoa, que chama a atenção tanto de crianças quanto de adultos. Diante da crise econômica brasileira provocada pela pandemia e produtos industrializados cada vez mais caros, uma boa opção tem sido o ovo caseiro. Esses produtos garantem maior economia para os clientes em relação aos ovos industrializados e ainda aquecem o mercado garantindo uma renda extra para microempreendedores individuais. 

foto: DIVULGAÇÃO

Além dos preços em geral mais baixos, a composição dos ovos de Páscoa caseiros também é produzida ao gosto do cliente e com o isolamento social – medida considerada fundamental para conter a pandemia - esses empreendedores acabaram conquistando uma fatia ainda maior de consumidores este ano,  tanto pelo isolamento ainda necessário, quanto  pela facilidade de negociação através das mídias digitais e entrega delivery.

Na capital piauiense, a empreendedora Milena Azevedo, afirma que o resultado da Páscoa esse ano lhe surpreendeu positivamente. Mesmo com o comércio parado, a Páscoa é uma data simbólica, e os ovos de Páscoa ainda são algo indispensável nos domingos de Páscoa.

“Como trabalhamos com delivery e fazemos um produto artesanal, onde temos cuidado com cada etapa da produção, muitas pessoas optaram por empreendedores que fizessem esse serviço. As pessoas pedem, muitas vezes para presentear e já entregamos na casa de quem vai receber o ovo de Páscoa, estamos fazendo esse intermédio. Acredito que foi um ponto muito positivo, pois nesse período temos que nos resguardar em casa”, afirmou.

Sobre as vendas, a loja da confeiteira ficou com a agenda lotada durante a semana toda, foi preciso aumentar a produção para conseguir atender a demanda de pedidos e atender ainda mais pessoas.

“Também estamos deixando alguns produtos a pronta entrega para aqueles que se esqueceram de fazer o pedido com antecedência. Mesmo com todo o caos da pandemia, a Páscoa é um período maravilhoso para quem trabalha com doces”, avalia.

Cerimônias religiosas são restringidas no Piauí

Com o agravamento da pandemia do novo coronavírus no estado do Piauí e alta na ocupação de leitos clínicos e de UTI nos hospitais públicos, o governo publicou portaria sobre a realização das cerimônias religiosas no estado em 2021 e restringiu o funcionamento de igrejas e templos religiosos para evitar aglomerações e, dessa forma, conter o avanço de transmissão da Covid-19.

A portaria conjunta foi publicada no Diário Oficial do Estado, de 29 de março, pelos secretários de Estado do Governo, Osmar Júnior, e da Saúde, Florentino Neto, autorizando a realização de cerimônias religiosas no período compreendido como Semana Santa, desde que sejam obedecidas as medidas sanitárias para evitar a disseminação do coronavírus. 

Devido à pandemia, celebrações devem ter, no máximo, 30% de lotação dos templos | foto: REPRODUÇÃO MN

Ficou ainda estabelecido, que cada local de culto, seja igreja, templo, centro espírita ou terreiro, poderá realizar apenas uma cerimônia diária, com duração máxima de 2 horas. Esses locais ainda devem respeitar as medidas sanitárias, evitando aglomerações e lotação de público durante as cerimônias, com a presença de apenas 30% do público.

Seguindo as indicações, na Santa Ceia do Senhor realizada na Quinta-Feira Santa não foi realizado o rito do lava-pés e nem a transladação do Santíssimo Sacramento. Já na Paixão do Senhor, Sexta-Feira Santa, não aconteceu a procissão e nem o tradicional beijo da Cruz. 

Neste sábado (03), durante a Solene Vigília Pascal a quantidade de leituras deve ser reduzida, a fim de que não ultrapasse as duas horas de celebração estabelecidas através dos decretos governamentais. E no domingo, na Missa de Páscoa, que celebra a ressurreição de Jesus, a participação dos fiéis também ficará limitada a 30% da capacidade da igreja e a missa não poderá ultrapassar a duração estabelecida pela portaria.

Em tempo de pandemia, o documento, direcionado para todas as comunidades paroquiais, diaconais e áreas pastorais, também reforça a importância das celebrações serem transmitidas por meio das redes sociais para que os católicos possam acompanhar cada momento.

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