O número de mortos após o terremoto de magnitude 7,5 seguido de tsunami na ilha de Sulawesi, na Indonésia, subiu para 1.234, indicaram as autoridades nesta terça-feira (2). As buscas por sobreviventes prosseguem em Palu e em Donggala, as duas cidades mais atingidas pela tragédia.
O porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Desastres (BNPB, sigla em indonésio), Sutopo Purwo Nugroho, afirmou, na capital Jacarta, que há 799 pessoas feridas gravemente internadas em vários hospitais. A catástrofe ainda deixou 59 mil deslocados.
Dois terremotos - de magnitudes 5,9 e 6 - abalaram na manhã desta terça a região da ilha de Sumba, que fica a centenas de quilômetros de Palu, segundo o Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS). Até o momento não houve novos alertas de tsunami para a região.
O balanço de vítimas cresce à medida em que os socorristas avançam e começam a ter acesso às regiões mais remotas, como o distrito de Sigi Biromaru, a sudeste de Palu, cidade mais atingida pelos tremores e pelo tsunami de sexta-feira (28).
O número de mortos aumentou porque as equipes de resgate entraram em áreas que estavam inacessíveis desde sexta. No entanto, o porta-voz admitiu que ainda há áreas onde o acesso está difícil. "Existem alguns lugares que não conseguimos chegar. Em Donggala, por exemplo, há alguns distritos onde temos que enviar suprimentos por helicóptero", disse o coronel Muhammad Thohir, do Exército indonésio.
Palu é a capital da província de Sulawesi, tem uma população de aproximadamente 350 mil pessoas, e é vizinha do distrito de Donggala, com 277 mil habitantes. Elas são as regiões consideradas as mais afetadas pelo terremoto e tsunami. O coronel afirmou que gasolina e água potável estão chegando à ilha, embora ainda de forma insuficiente para as necessidades de dezenas de milhares de vítimas que perderam tudo.
Equipes também trabalham para restabelecer os serviços de energia elétrica e telecomunicações, além de reabrir as estradas. O presidente indonésio, Joko Widodo, autorizou a ajuda internacional de urgência, e as autoridades declararam estado de emergência de 14 dias. O Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU calcula que 191 mil pessoas precisam de ajuda urgente, incluindo 46 mil crianças e 14 mil idosos.
Ajuda internacional
Sutopo informou que 26 países e duas organizações internacionais oferecem assistência, mas não forneceu dados das ONGs que colaboram na busca e atendimento das vítimas.
O envio de material de ajuda à região é muito complicado: estradas estão bloqueadas, e os aeroportos, muito danificados. A ONG Oxfam prevê o envio de ajuda a, potencialmente, 100 mil pessoas, com destaque para alimentos instantâneos, equipamentos de purificação de água e barracas, anunciou Ancilla Bere, diretora da organização na Indonésia.
Alunos encontrados mortos
Socorristas indonésios descobriram os corpos de 34 estudantes de Teologia em uma igreja na ilha de Sulawesi, soterrada por um deslizamento de terra, anunciou nesta terça uma porta-voz da Cruz Vermelha local.
Em um primeiro momento, as autoridades reuniram os corpos em necrotérios improvisados para poder identificá-los. Diante do risco sanitário, decidiram organizar enterros em massa. Em Poboya, na colinas que cercam Palu, voluntários começaram a enterrar as vítimas em uma gigantesca fossa comum, com capacidade para 1,3 mil corpos. Três caminhões lotados de cadáveres chegaram ao local. Os corpos foram colocados na fossa, um por um, e cobertos com terra.
Em Balaroa, bairro da periferia de Palu com uma zona residencial, os danos foram catastróficos. A área se transformou em um terreno baldio coberto por árvores derrubadas, blocos de cimento, pedaços de telhados e móveis destruídos. Em um cenário de devastação, as equipes de resgate lutam contra o tempo para encontrar sobreviventes e retirá-los dos escombros. Muitos moradores procuram os parentes desaparecidos nos hospitais, ou necrotérios improvisados.
Terremoto
O terremoto de sexta no país, de magitude 7,5, foi mais potente do que os tremores que deixaram mais de 500 mortos e 1.500 feridos na ilha indonésia de Lombok em agosto passado.
A Indonésia, um arquipélago de 17 mil ilhas, está em uma das regiões mais propensas a tremores e atividade vulcânica do mundo: o Círculo de Fogo do Pacífico. Cerca de 7 mil tremores atingem essa área por ano, em sua maioria de magnitude moderada.
A região, de cerca de 40 mil km de extensão, tem formato de ferradura e circunda a bacia do Pacífico, abrangendo toda a costa do continente americano, além de Japão, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico Sul. Em 2004, um tremor de magnitude 9,1, perto da costa noroeste da ilha de Sumatra, gerou um tsunami que matou 230 mil pessoas em 14 países no Oceano Índico.