Você já fez um pedido para o Papai Noel? Certamente sim. Não sabemos qual sua classe social, leitor, mas talvez um brinquedo simples tenha feito seu sorriso nos anos em que ainda valia a pena acreditar no bom velhinho. Mas será que ainda não vale a pena acreditar na figura barriguda com uma sacola recheada de sonhos?
Nós, do Jornal Meio Norte, que temos compromisso com a verdade, acreditamos que o Papai Noel é um espírito vivo, que invade os sentimentos mais íntimos das pessoas e transborda em bondade. Transbordar bondade é função do Papai Noel, então por que não ser Papai Noel por um dia?
Um bom exemplo de como ser Papai Noel é adotar uma cartinha do Papai Noel dos Correios, que prorrogou a campanha até o dia 20 de dezembro. Em uma dessas cartinhas, que ganhou repercussão através do programa Notícias da Boa, da Rádio Jornal Meio Norte (90,3 FM), foi da menina Eddyciane de Jesus Silva, de 12 anos.
Eddyciane pediu uma cesta básica. Mas recebeu um dia de surpresa natalino, com direito a um dia de beleza, ceia de Natal com uma sobremesa de morango, fruta que a garota de origem humilde nunca havia experimentado, e muita alegria. A ação foi da jornalista Cinthia Lages para o Programa Universo Mulher.
A pequena ação mudou o semblante de toda a família, que tira o sustento da reciclagem de latinhas. “Às vezes, pedidos simples comovem a gente. Corremos atrás e realizamos um sonho tão singelo, mas que deu vida e conforto àquela família”, aponta Cinthia Lages.
Todo mundo pode ser Papai Noel
Muitos poderiam pedir carros importados ou casas de luxo, mas a maioria das pessoas mais carentes pede sonhos que muitas vezes nem dá para comprar. Como a dona Graça Cordeiro, diretora do Lar da Esperança, que cuida de pessoas infectadas pelo vírus HIV. Quem dirá que Graça Cordeiro também não é um Papai Noel o ano inteiro?
Mas até os Papais Noéis precisam de ajuda para ajudar os outros. “Eu, se pudesse pedir alguma coisa, pediria para pagarem nossa conta de luz, que já tá em R$ 2,2 mil. Ou um gradeado para impedir tantos roubos que acontecem aqui. Já entraram tantas vezes que já perdi a conta”, lembra Graça Cordeiro.
Às vezes o sonho é ir “bem ali”, em Bacabal. Mas de avião. “Se eu chegar de ônibus, cheio de tralha, não vou causar, não vou arrasar. Quero ir de avião, lá tem aeroporto”, conta Valdeci Palhano, de 55 anos, que mora no Lar da Esperança. A ideia é realizar o sonho de andar de avião e visitar amigos e familiares. (L.A.)
Aída quer uma bicicleta para deixar os filhos na escola
Aída Maria de Oliveira, de 26 anos, tem nome de ópera e um sonho simples: quer uma bicicleta para levar os filhos para a escola. Ao contrário dos demais moradores da casa, Aída não é soropositiva. Sua mãe, que morreu no abrigo, era uma das acolhidas pela casa. A história de Aída é mais comum do que parece.
“Meus filhos estudam no Satélite, então, se eu tivesse uma bicicleta era mais rápido para chegar. É longe e tem muitas ladeiras”, avalia Aída, que mora com Graça e os filhos no Lar da Esperança.
”Meu sonho é ter meu lugar”, diz J.S.
Outros sonham alto. A travesti J.S., de 51 anos, por motivos profissionais não pode mostrar o rosto. Ela também é abrigada pelo Lar da Esperança. “Trabalho em casa de família e eles não sabem que sou positiva. A gente não sabe como é o preconceito na cabeça das pessoas. Meu sonho é uma casa própria. Ter meu lugar”, conta.
Outros sonhos possíveis
José Maria, de 38 anos, é louco por futebol. O sonho dele é ver o Corinthians jogar no Maracanã. “Assisto todos os jogos do Corinthians. Pelo menos todos os que sei que vai ter. Queria muito saber como é lá. Só vejo na televisão”, conta o morador do Lar da Esperança.
Luis, que não disse a idade nem o sobrenome, diz que só queria uma moto. “Tenho parentes na Santa Maria da Codipi, queria poder visitá-los. Uma moto facilitaria muito para mim”, pede o abrigado.
Paulo Sousa, por sua vez, queria assistir a um show do cantor Paulo Ricardo. Os amigos do abrigo contam que ele fica esperando as vezes que o cantor aparece na televisão.