A mesma água que refresca no calorão teresinense é motivo de dor de cabeça para a população da capital do Piauí.
Afinal, os problemas relacionados à logística do abastecimento são muitos. Vazamentos, perdas diversas e a falta de um maior volume de investimentos se fazem sentir.
Isso fica ainda mais claro quando os números são postos à mesa. O estudo intitulado "Perdas de Água: entraves aos avanço do saneamento básico e riscos de agravamento à escassez hídrica no Brasil" aponta dados que ajudam a delinear o problema.
Feito pelo instituto Trata Brasil (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), o levantamento dá uma ideia do impacto que a situação atual inflige na capital.
O estudo usa dados relativos ao ano de 2010 (oriundos do Sistema Nacional de Informações de Abastecimento-SNIA e do IBGE), e investiga as perdas de faturamento relacionadas não só ao desperdício com vazamentos, levando em conta também os roubos e ligações clandestinas, além da falta de medição ou medições incorretas no consumo de água.
No que diz respeito aos índices de perda (faturamento), o Piauí aparece com uma média de 47,04%, acima da média nordestina, que é de 44,93%, e mais acima ainda da média nacional, que é de pouco mais de 37,5%.
A pesquisa também debruça-se sobre a relação entre as perdas de água e a escassez hídrica. Nesse ponto, foi avaliada a situação da disponibilidade hídrica nos municípios brasileiros expressos no "Atlas Brasil - Abastecimento Urbano de Água", realizado em 2010 pela Agência Nacional de Águas (ANA).
Nessa avaliação, Teresina aparece enquadrada como cidade que requer ampliação do sistema, o que deixa a capital do Piauí em uma situação intermediária em relação à necessidade de intervenções.
O índice percentual de perdas no faturamento de Teresina é de 55,5%, abaixo de capitais como Recife (56,7%) e São Luís (64,1%). Já quando o assunto é o índice de perdas na distribuição, a capital piauiense alcança 59,3%. Ou seja, Teresina perde quase 60% da água que produz.
E os problemas continuam acontecendo. Os vazamentos seguem figurando em todas as regiões da cidade. Alguns exemplos foram observados pela reportagem do JMN: no bairro Pirajá, um vazamento persiste apesar das várias tentativas de conserto. Parte da calçada de um prédio de quitinetes foi avariada por conta das obras, mas a água continua fluindo, em uma cena clara de desperdício.
Agespisa aponta providências para contornar problemas
O superintendente de controle e redução de perdas da Agespisa, Joaquim Maia, conversou com o JMN. Maia elencou uma série de planos que figuram na programação da empresa para fazer frente à situação do sistema de distribuição de água.
"O problema maior são os vazamentos em ramais prediais, além do desperdício no consumo. Os roubos e ligações clandestinas também causam bastante impacto. Esses são nossos principais problemas, já que em termos de reservatórios, não temos mais extravasamentos, já que são automatizados".
Maia também apontou que a Agespisa realiza atualmente um programa de controle de perdas, e citou a retomada dos trabalhos de substituição de tubulações antigas, prevista para o próximo mês.
"As estruturas de amianto já estão desgastadas e não aguentam mais a pressão. Além disso, as tubulações de ferro criam uma crosta que fecha em até 80% os canos". Ao final da obra, serão trocados 176,4 quilômetros de rede de cimento amianto e ferro fundido por canos de PVC.
O superintendente também defendeu o uso de medidores. "Atualmente, 95% das nossas ligações possuem hidrômetros. Infelizmente não são todos os consumidores que querem colaborar com a democratização do sistema de distribuição de água, já que, com o hidrômetro, a pessoa Paga o que consome.