Você já ouviu falar dos vetores volantes? Moscas e mosquitos, como o Aedes aegypti, vetor da dengue, podem levar doenças, literalmente, pelo ar. No período das chuvas, onde a reprodução desses insetos é maior, o número de pessoas afetadas por doenças provocadas por eles também aumenta.
O Piauí já registrou o primeiro óbito ocasionado pela dengue em 2022, por exemplo. O indivíduo que teve morte confirmada pela doença era de Teresina.
Casos da doença
De acordo com o 8° Boletim Epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), houve um aumento de 236,9% de possíveis casos da doença.
Julio Victor, autônomo de 25 anos, que mora no bairro São Pedro, zona Sul de Teresina, está com dengue.
"Eu percebi os primeiros sintomas no sábado. Eu não conseguia andar e nem fechar as mãos. Depois apareceu uma febre intensa de 39 graus. Com o exame de sangue, vi que minhas plaquetas estavam baixas. Apareceram manchas vermelhas no corpo. Estou há sete dias afastado do trabalho e na minha rua foram registrados 9 casos parecidos", revela.
Mosquito da dengue
O mosquito da dengue gosta de água parada e limpa. Daí a necessidade da população de combater o foco do mosquito para evitar a proliferação. Ocimar Alencar, supervisor de Entomologia da Sesapi, alerta para os cuidados.
“Ano passado nós não registramos nenhuma morte em decorrência da dengue aqui no Piauí, com o registro do primeiro óbito neste ano de 2022, estamos voltando a reforçar os cuidados que as pessoas devem ter em casa, uma vez que nossas pesquisas apontam que a grande maioria dos criadouros de mosquito são encontrados em ambientes domiciliares”, ressalta.
Chikungunya
O Boletim ainda apresenta os números referentes a chikungunya, uma arbovirose que também é transmitida por mosquito. O Piauí apresenta um aumento de 86,7% em relação ao mesmo período de 2021. O Estado não apresenta óbitos pela doença desde 2018.
Virose da mosca é comum nesse período
O início do ano é caracterizado pela estação chuvosa, que favorece o aparecimento de doenças. Uma, em específico, chama bastante atenção. Conhecida cientificamente como Doença Diarreica Aguda (DDA) ou Gastroenterite Aguda, a virose da mosca ganhou este nome devido ao crescente aparecimento de moscas no período chuvoso do ano.
É o que alerta Matheus Oliveira, médico clínico e gastroenterologista pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). "As moscas pousam em áreas contaminadas e depois em alimentos, podendo transportar microrganismos que levam doenças para dentro de sua casa", aponta.
Contaminação
A mosca é apenas um dos vários veículos de contaminação.
"Devido seu hábito de transitar por diversos tipos de matéria orgânica, como lixo, fezes e cadáveres, acabam transportando em suas pernas inúmeros tipos de patógenos, como vírus, bactérias, protozoários e ovos de helmintos, que são verminoses, sendo potenciais vetores na transmissão de doenças, especialmente diarreias e desconfortos intestinais", explica o médico.
Por que durante as chuvas?
Durante os meses de janeiro a março, a proliferação de moscas e mosquitos aumenta em razão das condições de temperatura e umidade. Os sintomas da chamada "virose da mosca" incluem vômito e diarreia inesperada, podendo deixar o doente em uma situação constrangedora.
O tratamento é baseado no suporte e controle de sintomas, além de hidratação vigorosa com líquidos comuns como água, sucos e chás e preparações de soro de reidratação.
"Em casos de infecções bacterianas, pode ser necessário o uso de antibióticos ou mesmo medicações intravenosas. Portanto, persistindo os sintomas ou surgindo sinais de desidratação, não hesite em procurar o médico", alerta o médico Matheus Oliveira.
A principal forma de evitar a doença é com atenção aos hábitos de higiene pessoal, como lavar as mãos, os alimentos, além de utilizar álcool em gel. "A prevenção não se resume apenas à higiene pessoal, outras situações também podem desencadear a contaminação, como o acúmulo de lixo", acrescenta.
Infecções mais comuns
A infecção intestinal é a causa mais comum de diarreia aguda nos adultos. Geralmente, ela surge após o consumo de alimentos ou água contaminados, às vezes, resultando em surtos com indivíduos afetados.
"A etiologia das infecções intestinais é principalmente viral, com os rotavírus, coronavírus e adenovírus, mas pode ser de origem bacteriana ou parasitária, com a giárdia", revela o gastroenterologista Matheus Oliveira.
Prevenção e controle
As medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas pela população se referem aos cuidados com o acondicionamento do lixo, mantendo-o sempre em sacos fechados e descartando-os apenas no dia e horário do caminhão de coleta.
"As lixeiras também devem ser lavadas após a retirada do lixo, pois podem conter ovos ou larvas. Deve-se evitar o acúmulo de qualquer resíduo orgânico, como adubos na superfície da terra e restos de alimentos. E não esquecer de cuidados básicos como lavar as mãos e os alimentos antes de consumi-los, ingerir água potável e de qualidade são eficazes para que a enfermidade seja evitada", finaliza.