Com apenas apenas 12 anos a pequena Kássia Andrade tem uma história de superação. Aos seis anos de idade ela foi vítima de um acidente de trânsito causado pelo excesso de álcool. O motorista embriagado invadiu a calçada que ela brincava e Ana teve uma perna amputada. Um pesadelo na vida de uma criança cheia de sonhos, que passou a cultivá-los em cima de uma cadeira de rodas. A falta da perna veio acompanhada de várias limitações, até mesmo hábitos corriqueiros tiveram que ser deixados para trás. ?Eu sempre quis usar uma calça jeans, mas sem a perna não era possível?, diz a garota que voltou a andar através de uma prótese da perna .
O trânsito brasileiro pode ser considerado uma guerra uma pela quantidade de mortos e feridos que produz. São mais de 35.000 mortos por ano provocados por acidentes. E o pior, a maioria dos casos a culpa é do próprio motorista: Ano a ano, 70% de todas as mortes em acidentes de trânsito são provocadas pela ingestão de bebidas alcoólicas.
Dados do Ministério da Saúde apontam que 30% dos gastos com saúde pública são provocados por algum incidente com o álcool, como acidentes em trânsito, brigas ou doenças provocadas pelo alcoolismo.
A cada minuto e meio, um jovem perde a vida em um acidente de trânsito no mundo - é a maior causa de morte entre indivíduos de 15 a 19 anos. Esta relação varia de cada país e de cada Estado, mas está sempre presente.
E foi isso que os estudantes do curso de administração de uma faculdade de Teresina, orientados pelo diretor do Sest Senat, Antônio Leitão comprovaram através de uma pesquisa inédita na capital que relacionou o uso de álcool e volante.
Foram 222 estudantes entrevistados em sete faculdades privadas na capital piauiense. 63% declaram que dirigem e bebem e apenas 37% estão cumprindo a lei seca. Dos 63% que bebem e dirigem 54% informaram que costumam consumir "mais" de uma dose ou "mais" de um chope.
O que os estudantes puderam observar é que além de não deixarem de dirigir quando bebem, os jovens de Teresina não se importam em voltar para casa com quem já bebeu. 64% dos entrevistados informaram que raramente tem algum amigo que dirige e não bebe. ?Esses dados nos levam a entender uma outra atitude perigosa desses jovens de 18 a 35 anos, que é de não se importar se o condutor do veículo que ele anda bebeu ou não. Para ele, o problema é do amigo que bebeu e dirigiu?, destacou o estudante Thiago Viana que participou da aplicação dos questionários.
Isso significa que mesmo sem beber e dirigir, os jovens continuam expostos a acidentes porque são conduzidos por amigos que bebem. O reflexo disso é que 53% dos pesquisados têm algum amigo que já se envolveu em acidentes provocado pelo uso do álcool.
Álcool diminui a consciência do perigo
É possível estipular que os acidentes ocorrem com mais freqüência quando as pessoas saem de bares, festas ou boates. Beber antes de dirigir ou dirigir depois de beber são as ações mais criminosas do trânsito.
O álcool causa o retardamento dos reflexos e a dosagem excessiva conduz à perigosa diminuição da percepção e à total lentidão dos reflexos. ?Isso diminui a consciência do perigo?, explica o coordenador do CAPS AD- unidade de saúde que presta atendimento a pessoas com transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas, Mauro Passamani.
O uso do álcool induz aos acidentes porque a presença dele na corrente sangüínea exige mais tempo para analisar as situações de trânsito, até mesmo aquelas corriqueiras.
A falta de reflexo torna difícil, quase impossível, sair-se bem de situações inesperadas, que dependam de reações rápidas e precisas. Isso, sem dúvida, leva o motorista a se fixar num único ponto, limitando a percepção a um menor número de fatos num determinado tempo.
VEJA OS ESTRAGOS PROVOCADOS PELO ÁLCOOL
1- Acidentes de trânsito são maior causa de morte entre jovens
2- A média de idade dos que morrem entre as ferragens de veículos é de 320 anos
3- A maioria dos acidentes acontecem nas madrugada de sexta para sábado e de sábado para domingo
4- Dirigir alcoolizado é infração gravíssima. O motorista será detido, terá suspensa a careteira por até 12 meses e o veículo apreendido, além de pagar multa de R$ 959,69
5- Em caso de acidente com vítima, se o motorista estiver alcoolizado, poderá pagar até seis anos de prisão
6- A seguradora poderá se recusar a indenizar os danos por acidente se constatar que o motorista estava embriagado.
A medida do risco
0,2 a 0,3g p/litro de sangue- Percepção da distância e velocidade prejudicadas
0,3 a 0,5g p/litro de sangue- Campo Visual Menor e controle cerebral relaxado
0,5 a 0,8g p/litro de sangue- Subestimação dos riscos e tendência á agressividade
63% dos jovens teresinenses assumem que dirigem após beber em festas. Apenas 37% estão cumprindo a Lei Seca
Ana Kássia teve a perna amputada depois de um acidente. O motorista estava bêbado.