Todos os dias, dados são divulgados para manter a população informada sobre o comportamento da Covid-19 em Teresina. Em toda a capital, 70 bairros e dois povoados da zona rural já têm casos confirmados. Na atual situação, os serviços de monitoramento se tornam excelentes aliados para o conhecimento acerca do risco de contágio.
Vicente de Paula Sousa Jr, engenheiro agrimensor e cartógrafo, formado pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), passou a reunir as informações divulgadas pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) e expõe, diariamente, três mapas para facilitar a visualização e disseminar a importância do isolamento social. Vicente, que também é mestre em Desenvolvimento em Meio Ambiente, foi atraído pela tarefa de informar sobre o coronavírus tanto pela formação, como pela iniciativa de alertar amigos e familiares.
"Eu observava que a maioria das informações, quando mapeadas, eram meio que generalizadas. Eu queria trazer a realidade, o cenário real e também mostrar que há uma relação espacial entre os casos e onde eles acontecem", destaca.
O Mapa de Monitoramento dos Casos é similar ao que é divulgado pela Prefeitura de Teresina nas redes sociais. Porém, Vicente de Paula utiliza a metodologia de cores no lugar de bolhas, para que a população entenda melhor o número de casos confirmados em cada bairro.
O outro é o mapa de Densidade Kernel. Com base nos casos confirmados, traça as probabilidades por onde o vírus pode estar contaminando. Nos parâmetros para a densidade Kernel, foi estabelecida a distância mínima de 1000 metros por caso. Essa densidade demonstra a probabilidade de um caso ser confirmado em algum bairro de Teresina. "Basicamente, se um bairro tem 10 casos, ele tem um raio de influência de 10 km", explica.
Na aplicação da Densidade Kernel para a Covid-19 por bairros, corresponde por muito baixa (sem cor), baixa (azul), média (amarelo), alta (laranja) e muito alta (vermelho).
Para confirmar que haveria uma interação espacial dos casos, ele traçou o Mapa de Espelhamento de Moran, baseado no Índice de Moran, uma medida de autocorrelação espacial.
"Ele correlaciona, basicamente, que locais próximos aos que possuem casos confirmados, tendem a ter o mesmo comportamento e influenciam ao longo do território até chegar a uma taxa de zero ou então de baixa incidência desse fenômeno", explica Vicente de Paula.
Esse mapa, de acordo com Vicente, tem maior relevância, já que mostra a relação espacial entre os casos e também define, por bairro, os locais que devem ter mais atenção durante o enfrentamento da Covid-19.
Em todos os mapas, o profissional deixa nas legendas das publicações informações acessíveis para que haja um engajamento mais amplo e que todos possam entender.
Os mapas estão disponíveis em duas redes sociais, no Facebook (https://www.facebook.com/vicentepsjr) e Twitter (https://twitter.com/vicentepsjproduto).
Zona Leste concentra mais casos
Os mapas já apontaram, por conta dos valores maiores, que o epicentro da cidade é o bairro Jóquei, localizado na zona Leste de Teresina e consequentemente tem uma maior influência nos bairros próximos a ele. Diante disso, a zona Leste de Teresina passou a ser a região com o maior número de casos de pessoas diagnosticadas com coronavírus.
No entanto, essa influência espacial está transbordando os limites da zona. Vicente explica que os casos de contágio na zona Leste passam uma parte para o centro da cidade até chegar à fronteira entre o Centro e a zona Sul.
"Nos últimos mapas já percebi a influência da zona Leste em relação à zona Sudeste. Até agora, apesar de haver pessoas diagnosticadas com coronavírus na zona Norte, ela ainda não apresenta influência da zona Leste ou do centro da cidade, seriam as zonas que fazem fronteira com ela", indica. (A.S.)