Um soro para tratamento de picada de abelhas venenosas está sendo desenvolvido por pesquisadores brasileiros. Inédito no mundo, ele trará esperança de vida a pessoas atacadas por insetos da espécie Apis mellifera, popularmente conhecida como abelha africanizada, famosa pela agressividade. Somente em 2014 foram registrados 7.200 ataques e 21 mortes por picadas múltiplas dessa espécie no Brasil, segundo os estudiosos responsáveis pelo desenvolvimento do soro. Em 2013 foram 43 mortos, entre 10.600 acidentes. Somados os últimos cinco anos, 156 pessoas morreram vítimas de abelhas africanizadas no país.
Para desenvolver o soro, os cientistas da Rede Vital para o Brasil inocularam veneno das próprias abelhas em cavalos, escolhidos por serem animais de grande porte. Eles criaram anticorpos e de cada animal foram retirados cerca de cinco litros de sangue. A parte que não coagulou é o soro com o sistema de defesa. As hemácias retornaram para os cavalos, evitando prejuízos à saúde deles. "O soro pode representar a sobrevida. Uma pessoa que estaria condenada à morte por ter sido inoculada com o veneno pode, sendo atendida a tempo, recuperar todas as suas funções", explicou Júlia Prado Franceschi, doutora em Ciências Fisiológicas da Rede Vital para o Brasil.
Os estudos, feitos pela Rede Vital para o Brasil e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) estão adiantados. A expectativa é que em janeiro de 2015, após autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o produto comece a passar por testes clínicos para comprovação da eficácia. Após isso, em até dois anos ele deve chegar ao mercado. Os efeitos colaterais mais comuns são dor no braço, vermelhidão e inchaço onde foi aplicada a vacina.
Também podem ocorrer febre ou mal-estar passageiro. Em alguns casos, a pessoa pode apresentar sintomas parecidos com os da própria doença. Isso acontece pelo fato de a vacina ter em sua composição um vírus enfraquecido, mas incapaz de transmitir a enfermidade. Em casos mais extremos, porém muito raros, pode causar choque anafilático. Outro tipo de envenenamento que preocupa os cientistas é o de peixes peçonhentos. As pesquisas para desenvolver o tratamento contra ataques de bagres, niquins, arraias, baiacus e peixes-escorpião são recentes no país.