A Polícia Federal investiga a suspeita de desvio de R$ 8,1 milhões no Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), no Rio de Janeiro. Três diretores do hospital foram ouvidos ontem.
A investigação aponta que o dinheiro teria sido gasto no pagamento de adicionais de plantão de R$ 800 para médicos que supostamente estariam trabalhando 12 horas extras. Há suspeita também de fraude na folha de ponto. Os profissionais estariam assinando presença sem cumprir o horário adicional. Além de médicos, enfermeiros, auxiliares e outros funcionários são investigados.
No início do mês, imagens exibidas pelo "Jornal Nacional" mostravam filas de pacientes que tentavam agendar cirurgia no hospital. Muitos diziam que precisavam chegar de madrugada para conseguir senha.
O adicional foi instituído em setembro de 2010 para incentivar os médicos e aumentar o total de cirurgias feitas na instituição, mas houve redução de 91 cirurgias em 2010, na comparação com 2009, e de 43 em 2011, na comparação com 2010.
A Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros apura os motivos da diminuição e o uso das verbas do Ministério da Saúde. De setembro de 2010 a dezembro de 2011 o Into recebeu R$ 4,3 milhões para o pagamento extra. Este ano, foram R$ 3,8 milhões.
Recentemente, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que aumentaria a verba para R$ 7,7 milhões, em 2013.
Em depoimento prestado ontem, o diretor-geral do Into Geraldo da Rocha Motta Filho e dois coordenadores da unidade alegaram que a redução nas cirurgias foi causada pelo aumento dos procedimentos de alta complexidade. O índice dessas cirurgias, porém, varia de 33,7% a 33,5%, mesma média de outros serviços, diz a polícia.