PF ouve Daniel Silveira sobre celulares encontrados na prisão

Agentes querem saber como o deputado federal manteve dois aparelhos enquanto estava sob custódia na Superintendência da Polícia Federal.

Deputado muda o tom em audiência | reprodução
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A Polícia Federal (PF) vai ouvir nesta sexta-feira (26) o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) no inquérito sobre os dois telefones celulares apreendidos semana passada na sala onde ele estava preso. Informações do G1.

Agentes da PF vão esta manhã ao Batalhão Especial Prisional da PM, em Niterói, para onde o parlamentar foi transferido no dia 17.

O depoimento está marcado para as 10h. A PF quer saber de quem são as linhas telefônicas e quem pôs os celulares.

Os aparelhos foram encontrados na quinta-feira passada (18) em uma vistoria de rotina na sala da Superintendência da PF, na Praça Mauá, um dia após a prisão de Silveira. Os celulares estavam em uma bolsa com roupas e objetos pessoais.

A defesa de Daniel Silveira disse na ocasião que não sabe de quem são os celulares e como foram parar lá.

Daniel Silveira muda o tom em audiência- Imagem/GloboNews

“Não sei. Vocês têm que esperar o fim da apuração da PF para poder saber quem foram os responsáveis, como foi feito, aí eu não sei”, disse o advogado André Rios.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes (STF), que na quarta-feira (17) determinou a prisão em flagrante após o deputado gravar um vídeo com apologia ao AI-5 e defender a destituição de ministros da Corte, tinha ordenado uma "imediata perícia dos aparelhos apreendidos".

Moraes também determinou que dados e laudos sejam encaminhados ao inquérito 4.781, que investiga "fakenews" e ameaças contra o STF. Assim, será possível saber se o deputado falou com alguém e se trocou mensagens.

Relembre a prisão

Daniel Silveira acena para apoiadores na saída da PF rumo ao Batalhão Prisional da PM — Foto: Reprodução/GloboNews

A prisão de Daniel Silveira foi decretada na terça (16) pelo ministro Alexandre de Moraes, referendada por unanimidade pelo plenário do tribunal na quarta (17) e mantida pela Câmara dos Deputados na sexta (18). A PGR também denunciou Silveira.

Aliado do presidente Jair Bolsonaro, Daniel Silveira foi preso após ter divulgado um vídeo no qual fez apologia ao Ato Institucional 5 (AI-5), instrumento de repressão mais duro da ditadura militar, e defendeu a destituição de ministros do STF. As reivindicações são inconstitucionais.

A ordem de prisão

Na ordem de prisão, expedida na terça-feira, Alexandre de Moraes afirmou que a conduta de Daniel Silveira se enquadra em artigos da lei de Segurança Nacional.

Moraes alegou também que o flagrante está configurado porque há "de maneira clara e evidente, pela perpetuação dos delitos".

A Constituição diz que deputados federais só podem ser presos em flagrante por crime inafiançável. Na decisão que determinou a prisão de Daniel Silveira, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que a conduta do deputado se enquadra nesse requisito.

"Não existirá um estado democrático de direito sem que haja poderes de Estado, independentes e harmônicos entre si, bem como previsão de direitos fundamentais e instrumentos que possibilitem a fiscalização e a perpetuidade desses requisitos. Todos esses temas são de tal modo interligados, que a derrocada de um, fatalmente, acarretará a supressão dos demais, trazendo como consequência o nefasto manto do arbítrio e da ditadura, como ocorreu com a edição do AI-5, defendido ardorosa, desrespeitosa e vergonhosamente pelo parlamentar", escreveu Moraes.

Para o ministro, a conduta do deputado é "gravíssima" e, imprescindível, portanto, de "medidas enérgicas" a fim de "impedir a perpetuação da atuação criminosa de parlamentar".

Denúncia da PGR

A PGR denunciou Daniel Silveira na quarta-feira. A denúncia foi feita no inquérito que investiga a organização e o financiamento de atos antidemocráticos.

Os procuradores avaliaram que, no vídeo divulgado por Daniel Silveira na terça, há elementos suficientes para a denúncia pelos seguintes crimes:

praticar agressões verbais e ameaças contra os ministros da Corte para favorecer interesse próprio;

estimular o uso de violência para tentar impedir o livre exercício dos poderes Legislativo e Judiciário;

incitar a animosidade entre as forças armadas e o STF.

Esses crimes estão previstos no Código Penal e na Lei de Segurança Nacional.

A acusação ainda cita outros dois momentos, em novembro e dezembro de 2020, em que o deputado divulgou mensagens com apologia à ditadura e à atuação das forças armadas contra o STF.

Para a Procuradoria Geral da República, as declarações do deputado não estão protegidas pela imunidade parlamentar, ou seja, que ele pode ser punido.

Na denúncia, a PGR afirma que, desde que se tornou alvo de investigação, Daniel Silveira adotou como estratégia deliberada atacar ministros do Supremo com agressões verbais e graves ameaças - para intimidá-los, já que caberá ao tribunal julgar o deputado.

Bate-boca com agente

Depois da prisão, o deputado apareceu em um vídeo usando palavrões ao se dirigir a uma funcionária do Instituto Médico-Legal (IML), que pediu que ele colocasse máscara antes de realizar o exame de corpo e delito (veja vídeo acima).

Nesta quinta, a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) disse que não foi dada voz de prisão por desacato ao deputado pela perita, nem pelos policiais federais, "por entenderem que não houve ofensa aos agentes da lei". "A Direção do Departamento Geral de Polícia Técnica também fez contato com a servidora, que manteve o posicionamento inicial", acrescentou a Civil.

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