Piauí é pioneiro na produção de macroalgas no Brasil

Produção é sustentável e tem compromisso com o meio ambiente e a vida marinha, se destacando pelo respeito à natureza

Macroalgas passam a ser cultivadas no Piauí | Divulgação
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O Piauí se destaca como pioneiro na produção de macroalgas no Brasil, no município de Cajueiro da Praia. O produto pode beneficiar desde a cultura de camarão até a agropecuária. Tudo isso em um contexto de respeito à natureza, onde a palavra final é sustentabilidade.

 Luiz Alberto Santos da Silva, empresário, produtor de macroalgas e presidente do Instituto Pró-Alga, que é o responsável pelo fomento do cultivo de algas no Brasil, explica que o Piauí é o território mais avançado na implantação de uma plataforma de produção deste insumo, que é praticamente o "agro do futuro".

Luiz Alberto diz que o cultivo das algas tem uma dupla função -Divulgação

"As algas são biofiltros dos sistemas de cultivo de camarão. Elas entregam para o ambiente uma quantidade de plânctons e fitoplânctons, diminuindo a necessidade de ração forçada. Isso permite a diminuição dos dejetos produzidos pelo camarão. É menos material fosfatado, menos nitrito na água. A alga faz o filtro, propicia vida e ainda alimenta o camarão", explica.

O processo diminui a quantidade de insumos utilizados para a produção, contribuindo para o meio ambiente com o chamado "crédito de carbono". 

"Para produzir um quilo de biomassa de animal, é preciso dar uma vez ou uma vez em meia o peso dele. Aqui em Cajueiro da Praia a gente usa pouca ração para produzir muito mais camarão, com menos poluição para o meio ambiente", acrescenta Luiz Alberto.

Cultivo leva a produção de bio insumos - Divulgação

Dupla função

O cultivo de algas tem uma dupla função. "A primeira é filtrar, mas também de minerar a salinidade do mar. Ela absorve macro e micronutrientes e conserva isso dentro dos tecidos. Depois, podemos usar na agricultura, produzindo bio insumos para nutrição animal e humana, além de fertilizantes orgânicos que podem ser usados na agricultura", revela. É um ganho de produtividade em escala. 

"A gente conserva os nutrientes na planta. Então, a extração desses compostos podem ser utilizadas de maneira direta na agricultura. Hoje somos dependentes da importação de fertilizantes. Com a guerra da Rússia contra a Ucrânia percebemos isso. E as algas são uma alternativa para o Brasil. E no Piauí estamos construindo isso de forma pioneira", reforça o produtor.

Algas permitem um maior aprovreitamento -Divulgação

Produção contribui para diminuir o efeito estufa

Luiz Alberto está fazendo a primeira Biorefinaria de Macroalgas do Brasil, com um grande potencial para a agricultura e para diminuir a dependência do país de fertilizantes, como o potássio. 

"Com essa atividade, que é ecologicamente correta, você pode fazer com que nossa agricultura seja de baixo carbono. Além de uma agropecuária com menos metano. Quando o gado consome esses compostos, ele emite até 74% menos gás metano durante o processo de ruminação. E no seu complexo haverá um melhor aproveitamento do alimento, ganhando mais peso", aponta. Alga é boa para o camarão, para a agricultura e para a agropecuária. 

"O projeto é um tripé economicamente sustentável, além de ecologicamente correto. O Piauí será pioneiro no desenvolvimento dessa nova tecnologia. Vamos transformar a macroalga em uma série de produtos que vai fazer uma nova cadeia industrial do nosso país, vinculado à economia azul. Isso vai passar, nos próximos anos, a ditar as normas de comércio internacional", adianta o empreendedor.

Cultivo de algas gera a crédito de carbono - reprodução

Respiração

A alga, além de tudo, produz 70% do oxigênio disponível para a respiração dos seres vivos. "Com o cultivo de algas, geramos crédito de carbono. Existe um movimento mundial para salvar o planeta e diminuir os efeitos do gás estufa. Existe um efeito visível nos oceanos, porque isso diminui a mortalidade dos corais. Nós diminuímos a acidez da água e aumentamos a longevidade deles", explica.

Um modelo de hospedagem 100% sustentável

Tatiana Johnsen e Denny Ottani tinham vontade de fazer um hostel com bioconstrução em Barra Grande, a paradisíaca vila de pescadores que também fica localizada no município de Cajueiro da Praia. O sonho se tornou realidade e, hoje, muitas pessoas buscam a experiência turística de passar uns dias por lá.

Projeto traz conceito de sustentabilidade - Divulgação

Meio ambiente

Para isso, eles contaram com o arquiteto Cesar Augusto da Costa, que já trabalha com este conceito de respeito ao meio ambiente. "Ele fez todo o projeto junto com a gente, então sentimos o terreno, sobre questão de sol e vento", conta Tatiana. O hostel tem muita taipa, hiperadobe e tijolo terra-palha. 

"Tudo isso usando a terra da região, o telhado é de palha de carnaúba. Também temos um telhado verde acima da cozinha. Toda a nossa permacultura é um ciclo. Queremos proporcionar aos hóspedes uma vivência com a permacultura", revela.

Instalações do espaço são todas sustentáveis - @carladeriva

Instalações sanitárias

A permacultura, que significa “cultura permanente”, é um sistema de planejamento de ambientes humanos sustentáveis que se utiliza de práticas agrícolas e sociais através de ferramentas como o design, por exemplo.

 Até mesmo as instalações sanitárias são sustentáveis. "Nossa fossa é feita através das bananeiras, evitando a contaminação do solo. A gente faz a reutilização da água. A água do chuveiro passa por um ciclo e é devolvida para a descarga das privadas ou para a natureza, para regar as plantas, por exemplo", acrescenta Tatiana Johnsen. Os hóspedes se encantam com o espaço. 

"Nós temos vários tipos de hóspedes. Mas muitos vêm sabendo da proposta, que é voltada para a sustentabilidade e ecologia. É um turismo de experiência. Também tem as pessoas que vêm porque é hostel. Além daqueles que nem sabiam que era assim e acabam se apaixonando", finaliza a empresária.

Tudo no local traz a proposta da sustentabilidade - Divulgação

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