Com 817 pessoas diagnosticadas com hanseníase somente em 2014, o Piauí está entre os cinco estados com maior número de pessoas infectadas com a doença, também conhecida como lepra.
O número é aparentemente baixo, mas trata-se de uma das doenças mais antigas de que se tem conhecimento, com casos registrados antes mesmo do nascimento de Cristo.
As autoridades locais trabalham com a identificação e diagnóstico precoce da doença, que possui alto teor de contaminação, para reverter esta estatística preocupante.
Outro dado que chama atenção é o índice de cura da doença: apenas 74,2% piauienses infectados eliminaram a doença. A taxa está abaixo do que é aceitado pelo Ministério da Saúde, que fixou percentual mínimo em 80%.
Os homens ainda se infectam mais que as mulheres. Foram 455 casos em 2014, contra 362 mulheres que contraíram a doença. E nem as crianças estão imunes à doença, já que 59 indivíduos menores de 15 anos foram diagnosticados com hanseníase em 2014. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí.
Entretanto, o Estado se mobiliza para conter a doença entre os mais jovens. A Sesapi, através do Ministério da Saúde, realiza campanhas educativas nas escolas, onde médicos especializados prestam palestras e fazem a distribuição da Ficha Imagem, documento enviado aos pais ou responsáveis para que eles assinalem as regiões onde a criança possam ter alguma lesão suspeita.
No momento em que o pai ou responsável envia a ficha de volta, a criança é examinada por um profissional do programa Saúde da Família. Se a mancha apresentar risco em potencial, o menor será encaminhado para um dermatologista e o tratamento é iniciado imediatamente.
Ao contrário do que muitos pensam, a transmissão da hanseníase não se dá pelo contato com a pele contaminada. A doença é transmitida através de contato íntimo e contínuo com o doente não tratado. Apesar de ser uma doença da pele, é transmitida através de gotículas que saem do nariz, ou através da saliva do paciente.
A doença afeta primordialmente a pele, mas pode afetar também os olhos, os nervos periféricos e, eventualmente, outros órgãos. O período de incubação é prolongado, e pode variar de seis meses a seis anos.
Aprenda a identificar e combater a hanseníase
A hanseníase acomete primeiro a pele e os nervos periféricos, podendo atingir também os olhos e os tecidos do interior do nariz. O primeiro e principal sintoma são o aparecimento de manchas de cor parda. Nas áreas afetadas pela doença, o paciente apresenta perda de sensibilidade térmica, perda de pelos e ausência de transpiração.
Também podem aparecer caroços ou inchaços nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos e cotovelos; podendo haver alteração na musculatura e deformidades nos membros. "A hanseníase tem cura e o tratamento dura de 6 a 12 meses.
O problema é que os pacientes só procuram ajuda quando a doença está em estágio avançado", alerta a gerente de Epidemiologia da Fundação Municipal de Saúde, Amparo Salmito. O tratamento da hanseníase é completamente gratuito e está disponível em todas as unidades do programa Saúde da Família.