O Piauí possui 150 pontos vulneráveis à prostituição infantil e adolescente. No entanto, o Estado possui apenas uma delegacia especializada, com dois investigadores e uma viatura. Em algumas cidades há adolescentes que chegam a vender seu corpo por dez centavos.
Os dados foram revelados em audiência pública na Assembleia Legislativa do Piauí nesta quarta-feira (18). A discussão foi realizada no plenarinho da Alepi, através das comissões de Direitos Humanos e Defesa da Mulher.
Durante quatro horas, a questão foi debatida por representantes de várias entidades que cuidam da proteção à infância e à adolescência, na presença das deputadas Juliana Moraes Souza, (autora do requerimento), Flora Izabel, Liziê Coelho, Belê Nedeiros e Margarete Coelho, além dos deputados Tadeu Maia, João de Deus e Firmino Filho.
A audiência começou com pronunciamentos das parlamentares. O deputado Tadeu Maia (PSB) também se pronunciou e disse que o problema da prostituição infantil e adolescente é mais difícil de erradicar no seio das próprias famílias. Das autoridades presentes à audiência, a primeira a falar foi a promotora Leida Diniz, que denunciou a falta de estrutura do órgão (ela chegou de carona), pois no órgão não existe uma viatura para que ela possa representá-lo em qualquer evento.
A diretora da Casa de Zabelê, Carla Simone, criticou a função cumulativa da 7º Vara da Justiça, que cuida dos entorpecentes e da prostituição infantil, também sem estrutura. Segundo ela, existem mais de 450 denúncias de abusos contra crianças e adolescentes, sem que haja uma viatura para o deslocamento nas investigações.
Carla Simone denunciou a existência de duas celas na 7º Vara, em que mulheres adultas chegam a ficar presas durante até três dias, enquanto não são mandadas para outros locais. Também criticou a falta de regras para a hospedagem de turistas, onde não se exige a identificação das pessoas, o que concorre para a prostituição infantil e adolescente. E chamou a atenção para os períodos da Copa do Mundo e das Olimpíadas.