Piauí tem apresentado uma ligeira elevação da temperatura máxima do ar em algumas cidades. Cerca de um ano e meio atrás, o Instituto Nacional de Metereologia (INMET) fez uma atualização das médias históricas do estado do Piauí. De acordo com análises comparativas das Normais Climatológicas, entre os períodos de 1961 a 1990, e de 1981 a 2010 as temperaturas máximas subiram de meio grau a até quase dois graus a mais nos últimos 50 anos no estado.
O climatologista Werton Costa sintetizou informações científicas sobre as mudanças climáticas vinculadas a elevação das médias. Vale ressaltar que o cenário de aumento da temperatura é uma conjuntura mundial, entretanto, não segue a mesma proporção em todo o planeta
"Algumas áreas do planeta tendem a aquecer mais do que outras e isso vem apresentando sinais de anomalias. Essas anomalias resultantes desse acontecimento são os eventos extremos pluviométricos ou térmicos. Por exemplo, vamos ter tanto episódios como ondas de calor e ondas de frio, que são aparentemente contrárias, mas fazem parte do mesmo pacote do aquecimento global", explica.
Quando há evidência de uma quantidade maior de energia circulando no planeta, que promove a termodinâmica, esse calor gera temporais, furacões, tornados, condições de estiagem ou inundações.
A partir do recorte de três décadas estabelecido pelo INMET para verificar uma média padrão de temperatura máxima e média no Piauí, foi visualizado uma ampliação considerável no estado..
"Para a climatologia térmica de Teresina, esse aumento foi um pouco sutil, mas para alguns municípios sertanejos essas curva de ascenção e variação foi muito consistente", relata.
Na região de Floriano e Picos, as estações climatológicas registraram um aumento das temperaturas máximas de quase dois graus. Como prova, entre 1961 e 199, em Picos, a máxima ficava na casa dos 35 graus. De 1981 a 2010, esta média ficou em torno dos 37,5.
Na capital, o INMET aponta que de 1961 a 1990, nos meses mais quentes do ano, as temperaturas máximas giravam em torno dos 36,5 graus. De 1981 a 2010, esse valor subiu para quase 37,5, ou seja, o aumento de temperatura de Teresina ao longo dos últimos 50 anos foi de cerca de um grau
Quanto às causas do aquecimento, Werton destaca que esse tema tem levantado discussões entre a sociedade e a comunidade científica, expondo diferentes correntes.
"Existe naturalmente uma corrente alarmista que coloca o aquecimento global dentro de uma lógica essencialmente antropogênica, o homem na centralidade do problema, o grande causador", completa.
Nessa corrente, estão as ações humanas ligadas à indústria, atividades agrícolas, desmatamento e emissão de gases poluentes, os gases responsáveis pelo efeito estufa adicional (dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), clorofluorcarbonos (CFCs) e ozônio (O3) ) que tem permitido armazenar mais calor no planeta.
"Por outro lado você tem a vertente negacionista, que impõe que os processos de aquecimento derivam de fenômenos naturais, devido às mudanças do sol, nos raios, ventos solares e também derivado de mudanças orbitais da terra e atividade vulcânica. Ou seja, a dinâmica natural", explica.
Surgiu também uma corrente crítica que busca o meio termo com base na visão alarmista e na visão negacionista. Ela reforça que o processo de aquecimento é derivado de uma combinação de fenômenos naturais.
"Por exemplo, nas anomalias de aumento da temperatura da superfície do mar, é lógico que nós temos fenômenos essencialmente naturais. Mas quando se trata de problemas nas cidades, aumento da temperatura nas grandes metrópoles, estamos falando de evento de escala local, onde nós temos o fator humano. Ou seja, a ação antropogênica e ação natural se somam para gerar os problemas ambientais e os extremos atmosféricos", frisa Werton.