O Piauí conta atualmente com 191 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pelo SUS para atender a demanda em todo o Estado. São 121 nos principais hospitais públicos de Teresina; nos hospitais regionais de outros municípios, como Parnaíba, Piripiri, Floriano e Picos, somam-se mais 70 leitos.Em razão da problemática, aconteceu na noite desta quarta-feira (25), mais uma reunião do Fórum Interinstitucional Permanente de Saúde Pública do Estado do Piauí, na sede do Conselho Regional de Medicina do Piauí – CRM-PI.
Segundo o CRM-PI, nos últimos dias, o Conselho recebeu denúncias e solicitações de médicos que trabalham na capital e em hospitais regionais de outros municípios, os quais relatam as dificuldades de condições de trabalho, falta de equipes de retaguarda e falta de equipamentos mínimos necessários nas unidades de terapia intensiva.
Na reunião, conduzida pela presidente do CRM-PI, Drª Mírian Palha Dias Parente, participaram conselheiros do CRM-PI, membros da Secretaria Estadual de Saúde, da Fundação Hospitalar do Estado, que passa a gerir os hospitais regionais, diretores e médicos intensivistas do Hospital Infantil Lucídio Portela (HILP), do Hospital de Urgência de Teresina – HUT, do Hospital Getúlio Vargas – HGV, da Defensoria Pública do Estado e Ministério Público do Estado, este representado pela promotora, Drª Karla Daniela Carvalho, além de outras entidades, como a Sociedade de Terapia Intensiva do Piauí – SOTIPI, representada pelo Dr. Kelson Veras, e a presidente da Associação dos Médicos Intensivistas do Brasil – Secção Piauí, Patrícia Melo. Entre as reclamações que chegaram ao CRM-PI, está a situação da UTI do Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano, em que há relatos de falta de estrutura e, principalmente, falta de intensivistas para atender os pacientes. Médicos intensivistas do HILP, em Teresina, enviaram documento para o CRM-PI, com o temor de aposentadorias previstas e nenhuma previsão de concurso público. No HILP, três intensivistas pediátricos deverão se aposentar em breve e, além disso, descrevem falta de diaristas no período da tarde e falta de responsáveis técnicos no setor. Eles também afirmam que estão trabalhando com leitos bloqueados (Sem condições de internar pacientes) por falta de itens básicos, como monitores multiparamétricos, ambu e equipo de bomba para ministrar medicações.
No Hospital Universitário – HU, ligado à Universidade Federal do Piauí, portanto, o único que não tem ingerência do Governo do Estado, a reclamação é que faltam plantonistas, mas que os leitos contam com boa estrutura. A afirmação é da chefe da UTI, Rejane Prestes.
A reunião contou pela primeira vez com a presença da coordenadora da Fundação Estadual Hospitalar, Fátima Garcês. A Fundação passou a gerir seis hospitais públicos, entre eles o HILP. Garcês informou que já foram feitos relatórios técnicos em todos eles e que já foram providenciadas medidas de urgência, como implantação de Raios-X, ultrassom e outros equipamentos e que a Fundação montou um plano de ação para solucionar os problemas. O Superintendente de Assistência à Saúde, médico Alderico Tavares, informou que em Floriano, o HRTN teve a situação contornada, temporariamente, evitando o bloqueio de leitos de UTI e que o governo irá realizar concurso para médicos neonatologistas e cirurgiões pediátricos para o interior, no sentido de desafogar a superlotação em Teresina.
Na reunião, ficou constatado que o Piauí tem carências de mais UTIs infantis, especialmente UTIs neonatais e que é preciso um plano para ampliação da oferta desses leitos, o que os representantes do Governo do Estado e Fundação Hospitalar se prontificaram a apresentar. Também ficou estabelecida a ampliação da telemedicina nos hospitais regionais e cursos permanentes de capacitação para as equipes que atuam em UTIs, como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. O HGV, representado na reunião pela diretoria Clara Leal, terá em breve mais 20 leitos de UTI, o que melhorará a situação do hospital, que realiza cirurgias de média e alta complexidade. Também ficou decidida a criação de um grupo de trabalho com especialistas para estruturar as UTIs do Piauí, com sugestão de recursos humanos e equipamentos apropriados, evitando desperdícios e melhorando o trabalho das equipes. A Defensoria Pública do Piauí, representada pelo defensor Igo Sampaio, sugeriu um estudo melhor dos pacientes crônicos que estão há muitos meses e até anos internados, sem possibilidade de alta em leitos de UTI, como forma de estudar alternativas para remoção para enfermarias especializadas ou UTIs sem intensivas.