Piauí tem segundo maior progresso em educação do Brasil

Estado corre atrás do prejuízo para atingir bons índices de educação e aparece como o segundo que mais evoluiu em educação para crianças de 4 a 5 anos

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Os piauienses têm dado passos largos para uma educação melhor. É o que mostra o diagnóstico do Instituto Ayrton Senna, que realizou um estudo para identificar os desafios da educação básica no Estado e também no resto do Brasil. O Piauí aparece como o segundo que mais evoluiu em educação para crianças de 4 a 5 anos e também como o segundo na evolução do ensino para adolescentes de 15 a 17 anos.

Por outro lado, muito ainda precisa ser percorrido. Embora na última década o Estado esteja avançando de forma acelerada, foram anos e anos na “lanterninha” de índices como o Ideb e a distorção entre idade e série. Para sair dos maus indicadores, o Piauí mostra força na inclusão de alunos na escola.

“A educação é um direito humano e universal. Ela requer que toda criança, adolescente, jovem, em primeiro lugar, tenha acesso à escola. Segundo lugar, esse acesso à escola deve garantir que ele possa progredir nas várias etapas da educação básica. E progredir de maneira que ele aumente seus conhecimentos e proficiência em diversas áreas do conhecimento. E que esse conhecimento tenha significado. O direito à educação é para todos. O acesso, progresso e significado deve ser garantido a todos e é algo que não acontece do dia para a noite, é algo longo e desigual”, explica Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna.

O Estado priorizou os investimentos em educação, fato que tem sido comprovado nos números mais recentes. “O Piauí tem avançado muito. Partiu de uma condição precária, mas avançou muito em uma década. Mas muito precisa ser feito. O Piauí precisa continuar avançando nesta velocidade, muito maior que a média brasileira, para que ele consiga tirar a diferença e alcançar os demais estados brasileiros, alcançar a média brasileira, e quem sabe superá-la”, acrescenta Ricardo Paes de Barros.

O Piauí hoje atinge indicadores medianos, coisa bem distante da realidade do Estado há algumas décadas. “Há 10 anos, o Piauí era um dos mais atrasados no que diz respeito à educação. Hoje, ele está no grupo do meio, com indicadores educacionais medianos, diria que medianos para baixo. Mas graças a um processo fantástico ao longo desses anos”, revela o economista-chefe.

Estado avança no ensino pré-escolar

Um grande exemplo de avanço na educação foi o acesso à escola para crianças de quatro a cinco anos. Em 2017, nenhum estado brasileiro alcançou isso, mas o Piauí aparece em segundo lugar, atrás apenas do Ceará, com maior cobertura. “O estado pode alcançar os 100% em até cinco anos. Não alcançou em 2016, como estabelecia o Plano Nacional de Educação Básica, mas vai alcançar um pouco mais à frente e lidera o Brasil nesse processo”, estabelece Ricardo Paes de Barros.

O Estado supera a média nacional e regional com os números mais recentes divulgados. “O Piauí, em termos de cobertura em pré-escola de quatro a cinco anos, está com números maiores que a média do Brasil e do Nordeste. E de uma maneira bem sólida. O Piauí caminha muito bem nesse aspecto”, aponta Barros.

O Piauí tem a segunda melhor colocação também em acesso a adolescentes de 15 a 17 anos, perdendo apenas para o Tocantins. “Neste aspecto de inclusão, o Piauí também está de parabéns. Seja na entrada da pré-escola, ao final da educação básica em jovens de 15 a 17 anos, o Piauí constrói um sistema bem inclusivo”, considera o economista-chefe.

Também houve avanço significativo na progressão do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2005 a 2017. “O Piauí está empatado com alguns estados em terceiro lugar. Somente Goiás e Pernambuco tiveram melhoras acima disso. O progresso de Ideb do Piauí é quase igual ao do Espírito Santo, o que é fantástico”, explica Eduardo Paes Barros.

Esse avanço ocorreu fundamentalmente devido a uma melhoria no aprendizado ou uma melhoria no fluxo educacional. “O Ideb combina a taxa de aprovação e aprendizado, logo é possível aumentar o aprendizado desses alunos. O Piauí melhorou os dois reduzindo a reprovação, evasão, abandono e defasagem de idade e série. A melhora no fluxo foi melhor que aprendizado”, compara o economista. 

Segunda menor taxa de distorção em dois anos

Entre 2015 e 2017, o Piauí lutou contra a péssima taxa de distorção entre a idade e a série do aluno. Isso levou o Estado à segunda posição entre as unidades da federação que teve a menor taxa proporcional, perdendo apenas para Pernambuco.

Esse é um processo lento que o Piauí tem  buscado acelerar. “O segundo maior número é do Piauí, perdendo apenas para Pernambuco. Isso é muito importante, porque a idade de distorção de idade e série no Piauí era muito acentuada. A distorção era maior que a do Brasil e a do Nordeste. O desempenho do Piauí é muito acelerado”, explica Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna.

Os números também têm sido um grande desafio para os estudantes do Piauí. “A proficiência em Matemática precisa aumentar. E o Piauí foi um dos que conseguiu progredir, conseguindo aumentar a proficiência em 10 pontos, colocando o Estado em sexto lugar”, acrescenta o economista-chefe.

O Piauí, que é o segundo em velocidade na correção, aparece, em situação final, com 21 unidades da federação melhores e deve manter este nível para galgar posições e atingir a média brasileira e nordestina. “A proficiência em Matemática coloca o Estado na 19ª posição, embora tenha sido a sexta com progresso mais acelerado. O Piauí avança rápido, mas continua em colocação precária. É preciso continuar o processo”, recomenda Ricardo Paes de Barros. 

Ideb e creches: os maiores desafios

O nível do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Piauí era o terceiro pior do Brasil. “Apesar de estar entre os cinco que mais avançaram, ao final do período, porque começou atrasado, com indicadores baixos, o Piauí aparece na posição de 16 a 20, mais ou menos. Tem entre 15 a 20 estados brasileiros melhores que o Piauí em Ideb. Esse progresso acelerado tirou o Piauí da lanterninha para ser um Estado com índice mediano para baixo. O Piauí precisa continuar esse crescimento de forma acelerada, se possível de forma ainda mais acelerada”, considera Ricardo Paes de Barros.

As creches precisam ser um ponto de fortalecimento. “O mesmo, entretanto, não pode ser dito com relação à creche. O Plano Nacional de Educação prevê, até 2024, uma cobertura de 50% para crianças de 0 a 3 anos. O Brasil hoje tem pouco mais de 30%. O Piauí está abaixo disso, na décima sexta posição. Quinze estados estão à frente. Se olharmos a progressão, o Piauí não deve alcançar essa cobertura. Então é uma coisa importante que o Estado deve correr atrás junto aos municípios”, enumera.

A evolução do Piauí nesse processo é mais baixa que o Brasil e o Nordeste nesse processo, embora o Brasil também não alcance essa média de 50%. “O Piauí aparece bem mais abaixo. Se o Piauí quer atingir a meta,    será preciso modificar a política de cobertura. A natureza rural do Piauí explica isso”, finaliza Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna.

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