O professor doutor Francisco das Chagas Alves Lima é pesquisador na área de química da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e, acompanhado de uma equipe formada por outros professores e alunos, ele realiza pesquisas utilizando como fonte natural as plantas existentes no Piauí, para desenvolver medicamentos e tratamentos em diferentes áreas. Os pesquisadores compõem o Grupo de Química Quântica Computacional e Planejamento de Fármacos, criado em 2010.
“Nosso grupo só trabalha com produtos locais e isso nos dá uma vantagem de valor agregado, pois estudamos plantas típicas da nossa terra e a partir delas encontramos alguma aplicabilidade para os segmentos em que estudamos como doença de chagas, sistema nervoso, esquistossomose e sistema cardíaco. A grande diferença da nossa pesquisa é que trabalhamos com métodos experimentais e alternativos”, afirmou.
Segundo o docente, a equipe trabalha também com a parte computacional que simula como a molécula atua dentro do meio biológico através do ambiente virtual, fazendo assim com que diminua em até 40% o uso de cobaias. Ele classifica essa característica como uma das grandes vantagens das pesquisas realizadas pelo grupo.
A partir desse diferencial é que vieram alguns dos prêmios internacionais. “Hoje nós temos uma parceria efetiva com duas faculdades que ficam na Alemanha e esses projetos são desenvolvidos através de trabalhos em conjunto”, acrescentou.
Eles estão pesquisando e desenvolvendo, dentro dos laboratórios da universidade, medicamentos para o controle de ansiedade, além de softwares que vão identificar mulheres que vão sofrer de menopausa, doença de chagas e outras pesquisas que são feitas atavés de moléculas retiradas a partir de plantas locais.
“Como nós trabalhamos visando um produto, não podemos citar os nomes das plantas que utilizamos nas pesquisas, mas posso usar como exemplo a aveloz - comumente chamada de cachorro-pelado -, que é típica do Nordeste e tem uma grande revolução na área de câncer. A utilidade dessas plantas é apenas do conhecimento popular e traduzimos em pesquisa”, disse.
Pesquisas buscam agregar valor aos produtos
O professor Chicão, como prefere ser chamado, afirmou que cresce o número de pesquisas no âmbito local que têm como funcionalidade ajudar pessoas do mundo todo.
Ele informa que, quando é pensado o uso de produtos naturais, como o babaçu, como fonte de estudo, dá um valor agregado para a planta e a comunidade passa a valorizar ainda mais o produto.
"Quando o estudioso visa o desenvolvimento em pesquisa científica, já que hoje não existe uma região que não cresça sem o conhecimento científico, é preciso alinhar a ciência com as riquezas naturais e assim tornar possível traduzir valores, financiamentos e melhores recursos para sua comunidade.
As plantas que utilizamos quando são bem aplicadas em uma pesquisa e apresentam resultados efetivos trazem maior valorização. Por exemplo, quando algo que é vendido atualmente a R$ 2 o quilo, pode saltar para R$ 10, R$ 15, quando trabalhado seu valor agregado.
Nosso propósito é gerar riqueza em um Estado altamente rico em produtos naturais e altamente pobre no que se refere à exploração e conhecimento dos seus produtos", completou.
O professor também já participou de um intercâmbio para o desenvolvimento de biossensores para ajudar, por exemplo, a medir a concentração exata da glicose no sangue.
Ele possui vários artigos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais e já ficou no ranking Top 25 Hottest Articles, que lista os melhores trabalhos da Plataforma Science Direct.