PMs são investigados por morte de violinista em SP

Caso foi registrado como acidente de trânsito, mas testemunha revelou ao delegado que vítima foi agredida por um dos policiais militares da Ronda Escolar. Corregedoria e Ouvidoria acompanham.

|
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

Os dois da 1ª Companhia do 33º Batalhão da Polícia Militar são investigados pela morte do serralheiro e violinista Rian Rogério dos Santos, 18 anos, ocorrida na noite desta segunda-feira (21), na Rua Juscelino Kubitscheck, em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Ele se desequilibrou da motocicleta que dirigia ao passar por uma viatura da Ronda Escolar e bateu com a cabeça em uma mureta.

O caso foi registrado no 1º Distrito Policial de Carapicuíba por outros policiais militares inicialmente como morte em acidente de trânsito. A Corregedoria da Polícia Militar está acompanhando a investigação do caso. O mesmo é feito pela Ouvidoria das Polícias e pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).

O depoimento de uma testemunha, que prefere não se identificar por medo de represália, disse que o violinista só se desequilibrou da moto e sofreu o acidente porque foi atingido por um golpe de tonfa (cassetete usado por policiais militares) no pescoço, enquanto dirigia a motocicleta para encontrar com uma amiga na frente da EE Professor Natalino Fidêncio.

As declarações dessa testemunha foram decisivas para que a investigação contra os dois soldados começasse e as condições da morte de Rian ficasse sob suspeita. O atestado de óbito menciona traumatismo craniano, acidente de trânsito e agente contundente.

Morte de Rian Rogério foi registrada como acidente de trânsito, mas testemunha revelou ao delegado que vítima foi agredida por um dos policiais militares da Ronda Escolar — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal Rian foi sepultado nesta terça-feira (22) no Cemitério Memorial Park Apha Campus, em Jandira, sob forte comoção de amigos e familiares, principalmente da Congregação Cristã do Brasil. Ele era músico na igreja que frequentava com a família e fazia parte do grupo de jovens da congregação. Os pais dele estão em estado de choque e esperam por Justiça. 

Letalidade policial aumentou

Um balanço preliminar, feito pela Ouvidoria das Polícias, do número de mortos em confrontos com a PM no mês de abril, aponta que mortes envolvendo policiais militares em serviço e de folga aumentaram 9% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Em abril deste ano, 75 pessoas foram mortas por policiais militar em todo o estado, segundo o levantamento divulgado na tarde desta quarta-feira (22) pelo ouvidor Benedito Mariano. Em abril de 2018, 69 foram mortas por PMs nos municípios paulistas.

PMs investigados

Quando foi registrada a morte de Rian como acidente de trânsito, os policiais militares (não investigados) informaram que foram solicitados via Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) para atender a uma ocorrência de acidente de trânsito com vítima. Eles receberam do médico do Samu a informação de que chegaram a levar a vítima para o Pronto-Socorro da Vila Dirce, onde chegou a receber os primeiros cuidados, mas não resistido aos ferimentos, concentrados no rosto.

Na mesma ocorrência, os policiais militares informaram à Polícia Civil que não foram encontradas testemunhas do acidente e que só encontraram a motocicleta no local, nem sinais de capacete, sinalizando que a vítima "não usava capacete."

A motocicleta foi devolvida para Douglas Ranieli dos Santos, irmão da vítima. A polícia constatou que a vítima não tinha habilitação. O local ficou prejudicado para o trabalho da perícia.

Algumas horas depois, no mesmo 1º DP de Carapicuíba, um estudante da Escola Estadual Professor Natalino Fidêncio, disse que não conhece o violinista Rian, mas que havia presenciado o que que tinha acontecido com ele.

No depoimento dele à polícia, ele informou que Rian estava de capacete (diferente do que os PMs disseram ao registrar o acidente de trânsito), mas com as lanternas da motocicleta apagadas. Ele descreveu que o violinista dirigia sem oferecer risco às pessoas na rua, em baixa velocidade.

Veja Também
Tópicos
SEÇÕES