O índice de pobreza na Argentina subiu quase 30% em um ano e atingiu 35,4% da população no primeiro semestre de 2019.
São mais de 15 milhões de pessoas nessa situação, sendo que 3,3 milhões delas (7,7%) são consideradas indigentes, mostram dados do Instituto Nacional de Estatística do país (Indec).
No primeiro semestre de 2018, o índice era de 27,3%. No segundo semestre, atingiu 32%. Ao longo de 2017, a pobreza no país caiu, mas voltou a subir em 2018.
O índice atual é o mais alto da gestão do presidente Mauricio Macri, que assumiu no fim de 2015.
De acordo com o Clarín, não havia dados oficiais nessa época, e medições alternativas do Observatório da Dívida Social Argentina (UCA, ligado a uma universidade do país) mostravam a taxa em 29%.
O jornal La Nación diz que se trata do pior índice desde 2007, segundo a UCA, ou 2008, se considerado o dado da Umet, outra universidade.
Um cenário de queda dos salários reais, desvalorização das aposentadorias, perda de empregos e crescimento da informalidade em um contexto de retração da atividade econômica e de queda do poder de compra da população é apontado como responsável pelo resultado.
Espera-se que Macri termine o mandato com taxas ainda piores, devido à aceleração da inflação no semestre atual e à incerteza política e econômica após as primárias de 11 de agosto —que resultaram em ampla derrota para o atual presidente, que concorre à reeleição.
Ao assumir o governo, em dezembro de 2015, Macri disse que uma inflação moderada seria "fácil de alcançar", prometeu "pobreza zero" e previu "uma chuva de investimento estrangeiro".
A inflação já acumulou 30% entre janeiro e agosto deste ano, após atingir 47,6% em 2018; os investimentos não chegaram, apesar do apoio político dos Estados Unidos e de potências europeias. O desemprego atingiu seu ponto mais alto em 14 anos (10,6%). A moeda depreciou 68% desde janeiro de 2018.
A crise econômica começou a se agravar no fim do primeiro semestre de 2018, quando o dólar arrancou em disparada —em um ano, quase duplicou seu valor frente ao peso.
O governo, já endividado, teve de acudir a uma linha de crédito do Fundo Monetário Internacional, que pediu uma política de austeridade mais dura em contrapartida.
A política de ajustes de preços, cortando subsídios da era kirchnerista (2003-2015), que já vinha ocorrendo de modo gradual, começou a se acelerar e a impactar ainda mais o bolso dos argentinos.
(Com informações: Folha)