A Escola Estadual Professor Waldocke Fricke vivia verdadeiros momentos de terror. Isso porque os bandidos promoviam arrastões no local e os alunos passaram a frequentar com muito medo. Segundo relatos da diretoria, os estudantes só saíam para o intervalo com a mochila nas costas por medo de serem roubados pelos próprios colegas. Brigas no pátio, armas brancas circulando e uso de drogas completavam o cenário.
Em 2012, a pedido do governo estadual, a Polícia Militar assumiu o controle da escola, que passou a se chamar 3° Colégio Militar da PM Professor Waldocke Fricke de Lyra, que atende cerca de 2 mil alunos dos ensinos fundamental e médio.
A mudança veio acompanhada de uma reforma na estrutura física e de uma gestão “linha dura”. Farda e horário rígido para entrar. Para sair, só quando todas as tarefas forem finalizadas. A ordem é tirar a bateria do celular depois de entrar na escola. Se flagrado usando o aparelho, o aluno terá que esperar até o bimestre seguinte para reavê-lo.
Hoje, ao passarem pelos policiais armados que atuam como inspetores nos corredores, estudantes ajeitam a coluna e batem continência. A rotina nos rígidos moldes militares inclui gritos de guerra antes de iniciar a jornada, além de distribuição de distintivos e de patentes para quem tem notas de destaque. Indisciplinas reiteradas levam à expulsão. Só nos cinco primeiros meses de 2015, cinco foram desligados por não se adequarem. O corpo docente também mudou, e a maioria dos professores antigos deixou a escola.
“Sei que há uma corrente na educação resistente ao nosso modelo, mas acho que, para o nosso público, vindo de uma desestrutura familiar e carência social muito grande, ele faz a diferença”, diz o coronel.