A polícia britânica avaliou que as especulações sobre as circunstâncias da morte da cantora Amy Winehouse neste sábado (23) são "inadequadas".
A declaração é uma resposta a veículos de imprensa que disseram que a morte da artista britânica - conhecida pelo abuso de drogas e bebidas - foi provocada por uma overdose.
Em um comunicado, a Polícia Metropolitana de Londres destacou que a necrópisa ainda não ocorreu e que "a investigação sobre as circunstâncias da morte prosseguem".
O superintendente Raj Kohli disse estar "ciente das informações que sugerem que sua morte é consequência de uma overdose de droga, mas quero destacar que a autópsia ainda não foi realizada e que é impróprio especular sobre a causa do falecimento."
A confirmação sobre a morte de Winehouse foi feita nesta manhã [horário de Brasília] por um porta-voz da Polícia Metropolitana.
"A polícia foi chamada pelo serviço de emergência de Londres para o endereço na Camden Square pouco depois das 16h05 de hoje [horário local], sábado, 23 de julho, seguindo relatos de que uma mulher foi achada desacordada", dizia a primeira nota divulgada pela polícia de Londres.
Segundo o texto, a cantora, de 27 anos, foi declarada morta ainda no local. As investigações, também segundo a nota, estariam em "estágio inicial" e a morte estaria "sendo tratada como não esclarecida."
O site especializado em celebridades TMZ divulgou que uma necrópsia no corpo da cantora seria realizada neste domingo. A publicação disse ainda que o pai da cantora, que estava em Nova York, estaria retornando a Londres.
Durante a tarde e a noite de sábado, dezenas de fãs e curiosos se reuniram diante da casa onde Amy vivia, na Camden Square, para prestar as últimas homenagens. Havia muitos brasileiros.
"Eu não esperava estar aqui e presenciar a remoção do corpo de Amy. Fiquei chocada", disse ao G1 estudante Vitória Cipolla, 28, que testemunhou o momento em que policiais carregaram o corpo de Amy para fora da residência.
Marc Riddle, 26, que morava ao lado da casa de Amy, disse que "ela era uma boa menina". "Eu a vi por aqui diversas vezes. Nunca houve problemas", garantiu.
Rotina de escândalos
Alvo constante dos tabloides ingleses por sua rotina de abuso de drogas, brigas e escândalos conjugais com o ex-marido, Blake Fielder-Civil, também viciado em drogas, Amy foi presa por duas vezes em 2008.
Um dos seus principais hits, "Rehab", falava sobre suas constantes idas às clínicas de reabilitação. A faixa está no álbum "Back to black", de 2006, último lançado pela cantora. Rumores sobre um próximo álbum circulavam há tempos, mas uma das poucas gravações oficiais de Amy a ver a luz no período foi um cover de "It"s my party", incluída em um disco do produtor Quincy Jones, lançado no ano passado.
De acordo com o semanário musical "NME", o terceiro álbum da cantora teria sido concluído, mas enfrentava problemas de finalização por conta da rotina tumultuada de Amy.
Volta aos palcos tumultuada
Amy Winehouse chegou a se apresentar em turnê pelo Brasil em janeiro deste ano, com shows em Florianópolis, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo. A passagem dela pelo Brasil, no começo deste ano, prometia marcar a volta por cima da popstar britânica.
O que se viu em suas apresentações, no entanto, foram shows curtos, marcados por uma presença de palco tímida e pontuados por alguns momentos constrangedores, quando a cantora esquecia as letras de suas próprias músicas e deixava o palco por alguns instantes sem dar satisfações.
No mês passado, a cantora britânica abandonou uma turnê pela Europa após ter sido vaiada durante show na Sérvia por estar aparentemente bêbada durante a performance.
Durante 90 minutos, Amy balbuciou partes de suas canções e deixou o palco várias vezes, enquanto a banda continuava o show.
Repercussão mundial
Em nota divulgada nesta tarde, a Universal, gravadora da cantora, afirmou estar profundamente triste com a perda repentina de uma "musicista talentosa, cantora e intéprete". "Nossas orações vão para a família de Amy, amigos e fãs neste momento difícil", finalizou o texto.
Produtor do disco "Back to black", o inglês Mark Ronson comentou sua relação com a cantora em comunicado divulgado pelo site da BBC. "Ela era minha alma gêmea musical e como uma irmã para mim. Este é um dos dias mais tristes da minha vida".
Entre os primeiros a se manifestar no microblog Twitter foi o backing vocal da cantora, Zalon (no Twitter, @Zalon).
"Uma parte de mim morreu hoje. Nos conectamos por caminhos que vou valorizar para sempre. Você sabe o quanto eu te amo. RIP AmyWinehouse", desabafou o artista.
Também no Twitter, a revelação da música soul Janelle Monáe, que abriu os shows de Amy Winehouse no Brasil em janeiro, diz que seu "coração está pesado".
"Meu coração está com os dois familiares de Amy Winehouse, entes queridos. Orando por sua força durante este tempo", diz Janelle.
O cantor Mayer Hawthorne, que também abriu shows de Amy no Brasil, postou que está profundamente triste. "Rest in peace Amy. Thank you for everything ["Descanse em paz, Amy. Obrigado por tudo", em inglês]", diz.
Biografia
Amy Winehouse nasceu em Londres, em uma família judia. Começou a ouvir jazz quando criança e formou a primeira banda aos dez. Filha de uma farmacêutica e de um motorista de táxi, com o qual tinha uma relação conturbada, ela cresceu na área de Southgate, no norte de Londres. Seus tios maternos eram músicos de jazz profissional.
Aos 16 anos, Amy passou a cantar profissionalmente. O primeiro disco, "Frank", foi lançado quando ela completou 20 anos e produzido por Salaam Remi. O segundo trabalho, "Black to black", saiu em 2006. O disco foi produzido por Mark Ronson e tinha como banda de apoio os Dap Kings, que também se apresentaram recentemente no Brasil.
Foi "Back to black" que consagrou a cantora. O trabalho lhe rendeu cinco prêmios Grammy, o Oscar da música internacional.
A morte precoce de Amy Winehouse aos 27 anos se junta a uma trágica lista de roqueiros que também morreram nesta idade, por consequência direta ou indireta do uso de drogas, entre eles, Janis Joplin, Kurt Cobain, Jim Morrison, Brian Jones e Jimi Hendrix.