Polícia investiga porque grávida não foi atendida em hospitais

Grávida de gêmeos perdeu bebês após não receber atendimento no PA.

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A Polícia Civil de Belém pretende ouvir nesta quarta-feira (24) os depoimentos de funcionários do Hospital Santa Casa de Misericórdia e do Hospital das Clínicas para saber como estão as condições nas unidades e como foi recebida a mulher de 27 anos grávida que perdeu os dois filhos gêmeos após falta de atendimento nas unidades.

A informação é do delegado Antonio do Carmo, chefe do departamento em que o caso está sendo investigado. "Prentendemos ouvir logo os funcionários dos hospitais, para saber como tudo ocorreu. O pai já foi ouvido, mas a mãe ainda não, ela permanece internada", diz o delegado.

A polícia apura se houve homicídio culposo ou omissão de socorro, diz o delegado. "Ainda esperamos os laudos conclusivos do Instituto Médico Legal (IML) para saber a causa das mortes e também exames do hospital onde a mãe permanece internada, pois temos informações não confirmadas de que a mãe poderia ser portadora de uma doença grave que pode ter relação com as mortes", afirma do Carmo.

Segundo informações da Polícia Civil, a mulher de 27 anos e o marido teriam sido impedidos de entrar na Santa Casa por um funcionário que estava na portaria, sem que tivesse comunicado os médicos de plantão. A alegação seria a falta de leitos na maternidade. Uma ambulância do Corpo de Bombeiros foi acionada pelo marido da gestante, que a encaminhou para o Hospital das Clínicas, que também não teria condições de prestar atendimento à paciente. Ela, então, foi levada novamente pelos bombeiros para a Santa Casa, onde teria sido impedida de entrar novamente.

Neste segundo momento, a médica que estava de plantão, teria se negado a prestar atendimento à gestante. Por essa razão, um dos bombeiros e um policial militar chegaram a dar voz de prisão à médica por negligência.

Médica nega omissão de socorro

Em entrevista ao Jornal Nacional, logo após deixar a delegacia, onde prestou esclarecimentos, a obstetra Cynthia Lins negou omissão de socorro à mãe. "Em nenhum momento houve omissão de socorro. O que houve, sim, foi um esclarecimento junto ao corpo de bombeiros e à familia da superlotação em que nós nos encontramos no momento, e por isso estarmos trabalhando de portas fechadas", afirma Cynthia.

"Estas crianças, elas não morreram por falta de atendimento. Nos já pedimos preícia do IML nos corpos, que já foram encaminhados. Estas crianças já nasceram mortas", acrescentou a médica.

A diretora da Santa Casa, Maria do Socorro Picano, afirma que há seis dias a unidade informa a população para procurar outra maternidade, devido à superlotação. "De 107 (leitos), hoje estamos com 123 recém-nascidos recebendo cuidados intensivos. Realmente extrapola qualquer condição, porque você já está colocando em risco os que já se encontram internados", afirma ela.

Enquanto esperava por atendimento, de acordo com os bombeiros, a gestante teve um sangramento e uma das crianças nasceu na ambulância da corporação, mas sem vida. A segunda criança nasceu, também sem vida, na Santa Casa.

Gravidez de risco e superlotação

Após tomar conhecimento da morte de dois bebês, o governador do estado, Simão Jatene, decidiu afastar a presidente da Santa Casa e a gerente de tocoginecologia, Florentina Balby, até que seja feita a total apuração do caso.

O secretário de Saúde Pública do Pará, Helio Franco, disse, em nota, que superlotação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal não poderia ser motivo para que a paciente deixasse de ser atendida. "Ela deveria, pelo menos, ter sido encaminhada para um leito, até que se procedesse a transferência para um hospital regulado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente levando-se em consideração o fato de ser uma gravidez de risco."

Ainda de de acordo com nota da Santa Casa, a mãe tem diagnóstico de doença crônica e a gravidez era de risco. O Conselho Regional de Medicina (CRM) do Pará informou que vai abrir sindicância para apurar o ocorrido.

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