A Polícia Civil investiga se o agente penitenciário Francisco Moacir Nunes Junior de 37 anos, suspeito de matar com um tiro a namorada Iara Coelho da Silva, viajou de São Paulo até Itapetininga (SP) com o corpo dela no veículo. Após o episódio, ele se matou.
Os dois, que estavam juntos há um ano e moravam em Sorocaba (SP), foram achados mortos na noite de sábado, na Vila São José, em Itapetininga. Francisco trabalhava em Mairinque (SP).
De acordo com o delegado que registrou o caso como feminicídio seguido de suicídio, uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência alertou que a temperatura do corpo de Iara demonstrava que ela havia morrido horas antes e não tinha sido baleada no local onde foi achada.
"Além disso, testemunhas informaram que ouviram apenas um disparo e a própria família disse que ele informou que havia ocorrido o disparo em São Paulo. Só não sabemos se foi a caminho de Itapetininga, dentro já do carro, ou em algum lugar", explica o delegado Marcus Tadeu.
Ainda de acordo o delegado, o inquérito policial será encaminhado para a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A arma de fogo do agente e um colete à prova de balas foram apreendidos.
"O inquérito será apurado pela Delegacia da Mulher. A perícia foi acionada e o laudo sairá nos próximos dias", diz.
Áudio
O agente penitenciário mandou um áudio para a família falando que o disparo contra a companheira foi acidental.
No áudio, Francisco diz que discutiu com Iara porque ela achou mensagens dele trocadas com uma garota de programa.
"Ela pegou um vídeo meu. Um vídeo não, uma foto. Eu entrei em um site, porque mandaram um link, e comecei a conversar com uma garota de programa. Por causa da foto fez um inferno. Me mandou embora, me expulsou de casa, jogou coisas na rua, estou desesperado. Chamou a polícia, uma vergonha. Voltou para são Paulo e estávamos conversando. Ela falou que eu ia dormir na rua. Além de ficar na rua, ia me trair dentro da casa", diz.
Na sequência, ele fala sobre o disparo durante a briga.
"Eu saquei a arma, ela pegou junto e acabou acontecendo um disparo acidental. Meu, foi um acidente."
Em entrevista, a irmã de Francisco afirmou que o áudio foi enviado minutos antes dele se matar. No dia anterior, ele já havia mandado mensagens pedindo ajuda porque tinha sido expulso de casa pela companheira, que era de São Bernardo do Campo.
"Ele me procurou falando que os dois tinham brigado e que a Iara proibiu a entrada porque o apartamento estava no nome dela, e tinha pegado o carro e ido para São Paulo. Ele pagava tudo para ela. Ele não sabia o que fazer. Ele não quis fazer isso. Tanto que na sexta ele estava desesperado pedindo ajuda. Foi então que resolveu alugar um carro e ir atrás dela", conta a irmã Kerolayne Oliveira Nunes.
Ainda segundo a irmã, antes de cometer suicídio, o irmão apareceu na casa da mãe, falou que amava muito a família e pediu desculpas.
"Ele deixou o carro do outro lado da rua e chamou a gente. Contou o que tinha acontecido e falamos para acionar alguém, para ele ficar calmo e contar a versão. Ele estava desesperado e falou que amava muito a gente. Foi quando fechamos o portão e entrei para pegar o celular. Foi nesse tempo que ele pulou o portão, entrou no carro e atirou contra ele. Minha mãe começou a gritar. Foi desesperador ver ela ali tentando salvar o filho", diz.
"Quando ouvimos o barulho tentamos socorrer, mas não deu tempo. Aí, indo até o carro que vimos que o corpo da Iara estava no veículo. Foi horrível a cena", ressalta.