A morte cerebral de Natasha Rodrigues, de 14 anos, baleada por recusar um pedido de namoro em Bebedouro (SP), surpreendeu a família da jovem, afirma a prima da vítima, Thaís Paula.
Segundo ela, os pais sabiam que o estado de saúde da filha era grave, mas ainda alimentavam esperanças em relação à recuperação da adolescente, internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Barretos (SP) desde o crime no final de dezembro.
A vítima foi baleada no pescoço e no tórax depois que foi com uma amiga a um bar para comprar chiclete. O suspeito é Deybson dos Santos, de 20 anos, que estaria inconformado com a negativa da estudante em ter um relacionamento com ele. O jovem teve a prisão temporária decretada pela Justiça, mas segue foragido. A Polícia Civil investiga o caso.
Natasha morreu na quinta-feira (3), no mesmo dia em que a irmã mais nova completou 12 anos.
“Está todo mundo sem chão, ficamos em choque. A gente sabia que o risco era grande, mas tinha uma esperança ainda, porque ela tinha dado um sinal. Não dá para explicar a dor que estamos sentindo. Para os pais dela acabou sendo uma tortura aos poucos ver a filha naquela situação no hospital”, diz.
Thaís conta que um especialista de Ribeirão Preto (SP) iria até o hospital para reavaliar as condições da adolescente e se ainda seria possível estimular o cérebro para obter alguma reação.
“Estávamos esperando esse médico que viria hoje [quinta-feira] para fazer uns exames e dar o resultado final. Ele ia pulsar o sangue do coração para o cérebro para ver se tinha uma reação, mas pelo jeito não deu certo”, afirma.
Ainda em choque com o que aconteceu, a prima confirma que a família optou por doar os órgãos da estudante. Por causa dessa escolha, ainda não foi possível marcar a data do velório de Natasha.
“O pai dela já tinha falado que se ela tivesse morte cerebral, ele iria mesmo doar os órgãos dela. Como esse é um procedimento demorado, não sei quando o corpo virá para a cidade."
Enquanto tenta superar a morte da adolescente, a família espera que o autor do crime se apresente à polícia e seja punido. “Nós esperamos justiça. Que ele se arrependa de alguma forma e se entregue logo. É o melhor que ele pode fazer no momento", disse Thaís.
O crime
Natasha foi baleada na tarde de 29 de dezembro enquanto seguia com uma amiga para comprar chiclete em um bar.
O primeiro tiro atingiu o pescoço da jovem. Depois de cair no chão, o suspeito ainda fez mais um disparo que atingiu o abdômen dela. O barulho dos tiros foi ouvido pela família da jovem, que estava em casa.
Segundo Thaís, os parentes ainda viram quando Santos passou correndo e conseguiu escapar por uma região de mata próximo ao local do crime. O celular dele foi rastreado, mas a polícia encontrou o aparelho jogado em uma rua do Jardim Claudia.
De acordo com familiares, Natasha tinha ficado com o suspeito alguns meses antes e, desde então, ele ficou obcecado pela estudante.
Sem querer levar a relação adiante, a vítima vinha sendo ameaçada há cerca de um mês, segundo a família, mas não contou nada aos pais por medo de que algo acontecesse a eles. Um dia antes do crime, uma das irmãs descobriu mensagens no celular dela, mas Natasha teria pedido para que ela não falasse sobre o assunto.
Inicialmente foi instaurado um inquérito para apurar a tentativa de feminicídio, mas a tipificação do crime deve ser alterada em razão da morte da vítima. O rapaz teve a prisão temporária decretada pela Justiça e é considerado foragido.