O policial militar ambiental suspeito de matar Julio Cesar Cerveira Filho dentro de uma sala de cinema em Dourados (MS) na tarde desta segunda-feira (8) não conhecia a vítima, de acordo com o delegado Rodolfo Daltro. As informações são do G1.
Segundo a polícia, a briga que terminou com a morte de Julio teria começado por uma discussão sobre poltronas. No boletim de ocorrência, o policial militar (atualmente lotado na Polícia Militar Ambiental) Dijavan Batista dos Santos relata que estava acompanhado de seus dois filhos, um de 10 e um de 14 anos.
A vítima teria "começado a abrir braços e pernas" ao lado do garoto mais velho, momento em que o pai trocou de lugar com o menino. Em seguida teria acontecido uma discussão entre autor e vítima, momento em que Julio, ao sair de sua poltrona e passar pelo filho de Dijavan, teria batido no rosto do adolescente.
De acordo com testemunhas que estavam na sala 1 que exibia "Homem-Aranha: Longe de Casa", quando a dupla chegou à porta entraram em luta corporal, momento em que o autor sacou uma pistola .40 e disparou contra a vítima, atingindo-lhe o pescoço. Júlio Cesar foi morto na frente da filha de 16 anos.
A esposa de Julio, que prefere não ser identificada neste momento para preservar a família, disse que ela e a filha estão em casa muito abaladas e medicadas, e não tiveram condições emocionais de prestar depoimento à polícia, mas devem ser ouvidas nesta terça-feira (8). A esposa relatou que estava em casa no momento do crime e que o marido havia lhe mandado uma mensagem dizendo que a sala de cinema estava cheia e que houve uma confusão com as poltronas que ele e a filha ocupariam. Ela chegou a pedir que o esposo voltasse para casa. Após o crime, a filha do casal foi amparada por amigos que estavam no shopping.
Em nota, o tenente coronel da PM Carlos Silva afirmou que o PM ligou para a polícia comunicando o crime: "Ele ligou para o 193 e 190 após o fato informando que seria o autor, aguardou a equipe no local e se apresentou", diz o comunicado. Ele informou que serão instaurados dois inquéritos, um pela Polícia Civil e outro pela Policial Militar. Dijavan foi preso em flagrante. Ainda não há informações sobre a defesa do policial.
Testemunhas relatam desespero na sala de cinema
Muitas crianças presenciaram o crime na sala de cinema, segundo a polícia. A fisioterapeuta Ivone Costa Lima estava com três crianças e acompanhou toda a cena:
"Nós estávamos na fileira 6 e eles estavam na 7, nas nossas costas. Começou uma discussão, um dos rapazes levantou e alguém sugeriu 'troque de lugar'. Um deles deu um tapa em um adolescente ou criança, eu não olhei, estava escuro, e saíram discutindo. Quando chegaram perto da parede, um deles sacou a arma e atirou. Nisso, na confusão, saímos todos correndo, um desespero!"
Um outro funcionário do cinema disse que não percebeu a movimentação até ver as pessoas correndo:
"Eu não escutei nada, só vi as crianças correndo, uma delas gritou 'foi tiro na sala 1' e de repente todo mundo saiu da sala, o pessoal desesperado, aí começou a vir segurança, chegar policial e teve a notícia de que um homem foi baleado por motivo de discussão" declara Alexandre Rocha.
O shopping foi fechado e, segundo funcionários, o dinheiro da sessão foi devolvido. A assessoria do Shopping Avenida Center disse que está apurando o ocorrido e só irá se pronunciar por meio de nota que deverá ser divulgada amanhã.