Os teresinenses há tempos sofrem com a má qualidade do serviço prestado pelas operadoras de celular e essa constatação não precisa de pesquisas ou dados para ser confirmada. A insatisfação dos clientes é propagada em conversas nas ruas, nas redes sociais e formalizada por algumas pessoas nos orgãos de defesa do consumidor.
Péssima transmissão, chamadas que caem no meio da ligação, linhas cruzadas e indisponibilidade do serviço são apenas alguns dos inúmeros problemas descritos pelos usuários.
De acordo com dados divulgados no início desta semana pela Anatel, os serviços prestados nas áreas metropolitanas - que concentram um grande número de usuários de telefonia móvel - são especialmente mais precários. Sendo que, a situação é pior nas capitais das regiões Norte e Nordeste.
Teresina é a capital brasileira que tem a maior média de clientes por antenas de celular. Enquanto a média nacional circula em torno de 4.618 mil linhas por antena, a capital piauiense amarga a média assustadora de 11.634 mil linhas por antena de celular. O número chega a ser três vezes maior do que a média nacional, aproximadamente.
Tal indicador revela que as redes locais operam quase que no limite da saturação e quem paga pela má qualidade do serviço, invariavelmente, são os usuários. Portanto, não causa nenhuma admiração que o serviço prestado seja tão precário, variando de forma pontual de uma operadora para outra.
É justamente por esses motivos que uma grande parte das reclamações nos órgãos de defesa do consumidor, na capital e em todo o Piauí, sejam contra as operadoras de telefonia móvel que atuam no mercado piauiense. ?Isto porque, com certeza, este é apenas um número estimado. Já que na realidade nós sabemos que a maioria dos consumidores não vem ao Procon formalizar as suas reclamações diretamente?, lembra o promotor de justiça e coordenador geral do Procon no Piauí, Cleandro Alves Moura.
O fato é que, a polêmica que envolve a prestação de serviços de voz e dados pelas operadoras de telefonia celular em todo o país está bem distante de terminar. Forçada a agir de forma mais enfática na punição às prestadoras por conta da péssima qualidade dos serviços oferecidos, a Anatel se viu obrigada a suspender a venda de chips em vários estados por um período determinado. A medida estipulada em 18 de julho foi suspensa no último dia 3 de agosto, e forçou empresas que exploram o mercado da telefonia celular a apresentarem planos de gestão e investimentos para a melhoria de suas redes.
Projetos serão pouco para a demanda
O Piauí possui antenas de celular de todas as operadoras que atuam no mercado brasileiro - sendo elas a Tim, Oi, Vivo e Claro - mas apenas a Tim teve a venda de chips e a habilitação de novas linhas suspensas no estado.
Contudo, muitos especialistas analisam que os planos de investimentos apresentados para serem implantados de forma gradual não serão suficientes para suprir a demanda. Já que, este consumo já está elevado e cresce exponencialmente com a chegada dos smarthphones. O consumo maior de banda por conta das transferências não só de voz, mas também de dados, é uma realidade e os investimentos previstos nos planos apresentados supririam apenas o mercado consumidor atual.
Às operadoras e à Anatel cabe não esquecer de considerar as necessidades futuras. Para se ter um ideia, baseados em referências mundiais na prestação de serviços de telefonia móvel, a média de clientes por antena nos Estados Unidos é de 1.000 clientes por torre. No Japão, onde a internet nos celulares é um hábito para a maioria dos usuários, a média é de 400 clientes para cada antena instalada.