'Precisamos de isolamento rigoroso de 6 a 10 semanas', diz Bill Gates

Sem citar nomes, Gates criticou o plano de alguns líderes de aliviar a quarentena para ativar a economia

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Em 2015, Bill Gates passou uma mensagem assustadora sobre o risco de uma grande pandemia para qual o mundo não estaria preparado. Seis anos depois, com a chegada do novo coronavírus em dezenas de países, ficou claro que ninguém levou a sério.

Mas para Gates, que deixou o conselho da Microsoft neste mês para focar em filantropia, a crise atual não é o pior dos cenários que ele previu em 2015 e pode ser contida com duas ações: testes em grande volume e isolamento radical.

"O que precisamos agora é de um desligamento extremo para daqui a seis a dez semanas, se as coisas forem bem, então começar a voltar ao normal", disse Gates na terça-feira, num evento online organizado pelo TED.

Sem citar nomes, Gates criticou o plano de alguns líderes de aliviar a quarentena para ativar a economia, como têm sugerido o presidente americano Donald Trump e outros políticos e executivos brasileiros.

"É muito irresponsável alguém sugerir que podemos ter o melhor dos dois mundos", disse. "É muito difícil dizer às pessoas: 'Ei, continue indo aos restaurantes, pode ir comprar casas novas e ignore aquela pilha de corpos na esquina porque queremos que você continue gastando'. Não conheço nenhum país rico que tenha escolhido essa abordagem."

Ele criticou os EUA e outros países por não terem aproveitado o mês de fevereiro para se preparar, como fizeram países como a Coreia do Sul, aumentando drasticamente sua capacidade de testes para o vírus. Segundo Gates, o país asiático não precisou de um isolamento drástico por conta dos testes.

"Testar em grande quantidade deveria ser prioridade", disse Gates, que está há dias trabalhando de casa e fazendo reuniões online. "Testar é tudo. É assim que você descobre se precisa de mais isolamento ou se está começando a chegar ao ponto em que pode liberar. Sem testes, você fica cego."

Gates disse que, apesar da crise, ele segue otimista com os avanços tecnológicos. A Fundação Bill e Melinda Gates doou US$ 100 milhões para programas que estão ajudando na criação de terapias e testes.

O programa Seattle Flu Study, criado há dois anos com ajuda de verbas da fundação, foi incorporado numa iniciativa chamada Seattle Coronavirus Assessment Network, que criou testes para coronavírus que podem ser administrados pelo próprio paciente, evitando a possível contaminação do agente de saúde durante a coleta.

Ele afirma que a situação poderia ser ainda pior caso o índice de mortalidade fosse, por exemplo, como da varíola, de 30%. "O coronavírus é muito mais infeccioso que Mers ou Sars [doenças respiratórias agudas], mas não é tão fatal quanto", disse.

Ele admite que a interrupção econômica para derrubar o coronavírus é realmente "completamente sem precedentes". "Mas trazer de volta a economia e fazer dinheiro são coisas mais reversíveis do que trazer pessoas de volta à vida", disse.

(Por: UOL)

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