Quando o incêndio da boate Kiss completou dois meses, no dia 27 de março, o presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Adherbal Ferreira, anunciou a intenção de trazer o Papa Francisco à cidade para um ato ecumênico. Por isso, quando a programação do religioso em julho no Brasil foi oficialmente anunciada pelo Vaticano nesta terça-feira, não houve como esconder a decepção. Mas Ferreira ainda não entregou os pontos.
?A esperança é a última que morre. Se a gente não tentar, não consegue nada. Se ele realmente não vir para Santa Maria e disser que foi convidado e vai deixar para uma outra oportunidade, já será um grande acalanto para os nossos corações?, disse Ferreira.
O motivo principal da vinda do Papa ao Brasil é a Jornada Mundial da Juventude, que será no Rio de Janeiro, em julho. ?Estava caindo de maduro para o Papa vir a Santa Maria, no Ano da Juventude. Na tragédia, mais de 90% das pessoas que morreram eram jovens?, opinou Ferreira.
A intenção da associação em trazer o Papa a Santa Maria ganhou força depois do encontro da presidente Dilma Rousseff com o religioso no Vaticano, no dia 20 de março, quando ele manifestou seu sentimento sobre o que aconteceu na Boate Kiss. Outro incentivo para a AVTSM foi o fato de o Papa já ter vivido o sofrimento de uma tragédia em Buenos Aires, na Argentina, quando houve o incêndio da boate Cromagnon, em 30 de dezembro de 2004, que resultou na morte de 194 pessoas.
A associação convidou oficialmente o Papa a vir a Santa Maria em julho por meio de faxes e e-mails enviados ao Vaticano. Também receberam mensagens para que tentassem, entre outros, o arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, o arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, e o núncio apostólico no Brasil (uma espécie de embaixador do Vaticano), dom Giovanni D?Aniello.
Na programação divulgada pelo Vaticano, o Papa chegará ao Rio de Janeiro no dia 22 de julho. A única saída prevista da capital fluminense é no dia 24, quando ele viajará de helicóptero até Aparecida (SP), onde irá celebrar uma missa no Santuário Nacional da padroeira do Brasil. O religioso voltará ao Rio no mesmo dia e ficará na cidade até o dia 29 de julho, quando deixará o País.