Preso, pai de Bernardo escreve carta ao juiz e pede que memória de menino seja preservada

O pai do garoto pede providências para que seja preservada a memória do filho.

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Preso desde abril, acusado de planejar a morte do menino Bernardo Boldrini, 11 anos, assassinado no Rio Grande do Sul, o médico Leandro Boldrini escreveu uma carta de dentro da cadeia, na Penitenciária de Segurança Máxima de Charqueadas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O pai do garoto pede providências para que seja preservada a memória do filho. Assinado com a data de 11 de setembro, o texto foi encaminhado ao juiz.

"Peço que o senhor tome providências no sentido de preservar a memória do meu filho Bernardo e a imagem da minha filha", escreveu, ao referir-se à filha que teve com Graciele Ugulini, madrasta de Bernardo, também presa pelo assassinato.

"Esse processo é uma tragédia na minha vida, pois perdi meu filho e ao mesmo tempo sou acusado de ser o assassino. Minha vida, minha carreira, que tanto priorizei, hoje já não me importam mais", diz na carta.

No texto, Leandro se refere ainda a uma palestra promovida em uma universidade de Santa Maria, na qual participaram a então promotora do caso, Dinamárcia de Oliveira e a delegada Caroline Bamberg, que conduziu a investigação. "Não posso, por mais falhas que cometi como pai, concordar, permitir que pessoas utilizem essa tragédia, a imagem do meu filho, para se promoverem", afirma o documento.

Procurada pela RBS TV, Caroline disse que não tem nada a dizer sobre o assunto. Já Dinamárcia afirmou que o evento a que Leandro se referiu no texto não apresentou nenhuma novidade sobre o caso. "Foi uma palestra no meio acadêmico e nada foi dito ali que já não tenha sido dito pelo Ministério Público ou amplamente divulgado pela imprensa”, afirmou.

Para o médico psiquiatra forense Rogério Cardoso, trata-se de uma carta escrita por "uma pessoa lúcida e esclarecida". Segundo o especialista, o texto tem início, meio e fim e uma mensagem objetiva. "Ele mostra desconforto e indignação com o tratamento que a delegada e a promotora estão dando ao caso. Mostra sentimentos de pai", resumiu ao analisar o texto.

Leandro Boldrini está preso, acusado de tramar a morte do menino junto com a madrasta, Graciele Ugulini, e os irmãos Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz. Eles respondem a processo criminal pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Todos os réus estão detidos.

O menino, de 11 anos, foi encontrado morto, enterrado em uma cova rasa, em abril passado, em Frederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, onde ele morava com a família. O caso revelou um passado de violência e humilhações sofridas pelo garoto.

Entenda

Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No dia 6 de abril, o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.

O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. No dia 14 de abril, o corpo do garoto foi localizado. Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem de um sedativo e depois enterrado em uma cova rasa, na área rural de Frederico Westphalen.

O inquérito apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ainda conforme a polícia, ele também auxiliou na compra do remédio em comprimidos, fornecendo a receita médica. Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune, e contaram com a colaboração dos irmãos Edelvânia e Evandro, concluiu a investigação policial.


 

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