A epidemia de coronavirus não vai paralisar as atividades do campo, que continuará produzindo alimentos mesmo em tempos de crise. É o que diz o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, e serve como um estímulo à sociedade, principalmente urbana, demonstrando que a produção agropecuária dará a sua parcela de contribuição para superar a crise.
“A população urbana está em pânico pelas informações que chegam pelos meios de comunicação e pelas redes sociais. Mas o campo continua produzindo com ou sem coronavirus. Outros setores da economia já estão sendo afetados pela epidemia. Mas nós no campo não podemos parar. Precisamos colher a safra, fazer o manejo adequado para que a produção continue. Os brasileiros podem ficar tranquilos que vamos fazer a nossa parte para manter a economia aquecida, mesmo com essa mazela do coronavirus”, afirma Bartolomeu.
Os sinais do aquecimento da demanda por alimentos vêm da própria China, que está estabilizando a crise do conoravírus. O país asiático importou 82 milhões de toneladas de soja em 2019 e deve importar 85 mi/tons em 2020. E de acordo com o boletim Estimativas de Safra, divulgado pela entidade no dia 17/03, dos 120,6 milhões de toneladas que o Brasil produzirá na safra 2019/2020, cerca de 70% devem ser compradas pelos chineses.
Outro sinal vem das vendas futuras. Conforme projeções da entidade, a epidemia do COVID 19 não afetou as exportações brasileiras de soja. O país já comercializou antecipadamente 60% da safra 2019/2020 e 10% da safra 2020/2021.
“A China enfrentou a peste suína africana e o coronavírus, dois cisnes negros que provocaram impacto nas bolsas e no dólar. Mas tudo indica que os problemas internos serão resolvidos e o país tornará a importar perto de 90 milhões de toneladas. O cenário que nós projetamos a partir de informações de mercado é de aumento das importações de carnes e da produção de frango e pescado. As vendas futuras blindaram a soja brasileira”, acrescenta.
Segundo Bartolomeu, o cenário com o dólar no patamar próximo de R$ 5,00 favorece as exportações de produtos agropecuários, entre eles a soja, e permite a entrada de capitais no país.
“O dólar elevado beneficia a exportação. Estamos vendo que o mercado exportador está aquecido. A demanda mundial tem comprado nossos produtos. A soja brasileira é um produto bastante competitivo e é o preferido pelos principais mercados mundiais pela qualidade e preço. Isso leva o produtor a fazer negociações. A cadeia produtiva da soja está aquecida neste momento”, ressalta o presidente da Aprosoja Brasil.
De acordo com o dirigente, o produtor rural tem de buscar as oportunidades proporcionadas pelo câmbio favorável e pelo aumento da demanda, principalmente da China, que começa a se recuperar após a epidemia. Bartolomeu pondera, porém, que o produtor precisa estar atento à melhor estratégia diante da elevação dos custos para aquisição de insumos para a próxima safra.
“Não sabemos o que vai acontecer com o dólar. O importante é buscar a negociação futura para garantir menor custo de produção. Sabemos que esses custos vão subir bastante, que serão impactados pela alta do dólar. A gente não sabe ainda qual vai ser a oferta desses insumos agrícolas, se vai ter alguma atualização. Mas é um tema que teremos de enfrentar, se precaver, fazer Barter e negócios futuros, para garantir melhores custos de produção na safra 20/21”, comenta.
Na avaliação do presidente da Aprosoja Brasil, apesar do adiamento e do cancelamento de feiras de negócios, o produtor tem tecnologia suficiente para manter a produtividade e a produção. “Entretanto, um ponto que nos preocupa é a situação da cadeia de insumos agrícolas. Esses insumos têm de chegar às mãos do produtor. É necessário buscar melhores negócios para garantir o custo da próxima safra 20/21″, observa.
Conforme informações coletadas pela Aprosoja Brasil junto ao Departamento Norte Americano de Agricultura (USDA), o Brasil segue na liderança do ranking da produção mundial de soja, sendo responsável por 37% da produção no planeta, seguido por Estados Unidos (28%), Argentina (16%) e outros países (demais 19%).