Professor de Educação Física faz diferença com material reciclado

Ele confecciona o material esportivo de forma artesanal.

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Alberto Sobrinho dá aulas na Escola Municipal João Emílio Falcão, no bairro Vamos Ver o Sol, e três vezes por se.mana leva um grupo de alunos para treinar atletismo de forma mais intensa no campo de futebol da comunidade. O detalhe que chama atenção é a confecção artesanal do material esportivo.

Com criatividade e dedicação, o professor mostra que é possível conseguir bons resultados a partir do esforço coletivo. Dardos, pesos e barreiras foram construídos com material reciclado, levando as mesmas medidas dos equipamentos utilizados em competições oficiais.

O dardo é fabricado com varetas de bambu, os pesos são feitos a partir de alteres, enquanto canos de PVC se transformaram em obstáculos para as corridas.

“Mesmo com os recursos disponíveis os equipamentos são bastante caros, então pensamos em formas alternativas para treinar”, conta Alberto. E o caminho alternativo vem rendendo bons frutos.

No grupo montado pelo professor, com jovens de 12 a 19 anos, há recordista Norte/Nordeste de arremesso de dardos, campeão de jogos escolares e atletas preparados para disputas nacionais.

Luís Fábio é um dos “meninos dos olhos” do treinador. O garoto de apenas 14 anos e quase 2 metros de altura é uma das apostas para o octatlo, a modalidade que reúne oito provas de atletismo.

Sem muito esforço, o jovem arremessa um disco a uma distância de 40 metros. Com sérios problemas familiares, o esporte surgiu como uma oportunidade para Fabinho, como é chamado.

“Treinando, esqueço os problemas em casa e posso dar um futuro melhor para minha mãe. Conheci o atletismo na escola e me apaixonei, agora procuro ser o melhor no que faço”, pontua o jovem, que cursa o 7º ano na E. M. João Emílio Falcão e passou a apresentar melhora no desempenho acadêmico e frequência escolar.

Atletas são inspiração

Segundo Alberto Sobrinho, os alunos-atletas são vistos como exemplo em sala de aula. Por isso, as cobranças por boas notas e participação nas atividades acadêmicas são constantes. "É um dos critérios para treinar. Tem que ser exemplo na escola e na comunidade", destaca o professor.

Francisco Caio é ex-aluno da escola municipal e ainda é exemplo para a turma de esportistas. Segundo colocado do ranking da Confederação Brasileira do Desporto Escolar e terceiro da Confederação Brasileira de Atletismo, treina com os garotos e é chamado de "monstro", pelos feitos no arremesso de dardos.

"Essa é uma forma de não se envolver no mundo das drogas. Comecei a ser estimulado nas aulas de Educação Física, então passei a frequentar os treinos extras, onde o professor ia me buscar em casa. Me dediquei de verdade e hoje me orgulho de onde cheguei", declara Caio, que já quebrou recordes na modalidade.

De acordo com Raimundo Mourão, coordenador da Divisão de Esportes da Secretaria Municipal de Educação (Semec), as turmas de esporte são formadas com o objetivo de fortalecer habilidades e oportunizar descobertas.

O incentivo começa nas aulas de Educação Física. "Teresina é um celeiro de grandes atletas e os resultados na vida acadêmica são imediatos", explica.

Para Marcos Davi, aluno do 9º ano, atleta de salto em altura e 3000m, participar da equipe coordenada pelo professor Alberto é um apoio para a vida. "Melhora nosso desempenho em tudo. Além de treinar, recebemos conselhos e criamos um forte laço de companheirismo.

Nosso maior objetivo é sermos campeões para darmos orgulho aos nossos pais e a quem nos apoia. Isso sim faz diferença", concluiu Marcos, que parou de vender picolé para voltar à escola e aos treinos.

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