Professor queniano ganha 'Nobel da Educação' e leva prêmio de US$ 1 mi

Global Teacher Prize tinha a brasileira Débora Garofalo, que dá aulas em São Paulo, dentre os finalistas.

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O escolhido para o prêmio de “melhor professor do ano” e levar para casa nada menos que US$ 1 milhão, foi o queniano Peter Tabichi.  Seu trabalho, ensinando ciências em uma região remota do Quênia para alunos de diversas etnias e religiões, em situações extremamente precárias, foi reconhecido durante o Global Education and Skills Forum, realizado em Dubai, nos Emirados Árabes.  Peter Tabichi tem 36 anos e doa 80% de seu salário para ajudar as famílias mais pobres. Um terço de seus alunos é órfã e 95% deles tem origem muito pobre, segundo dados da Varkey Foundation.

Muito emocionado, o queniano subiu ao palco do evento para agradecer seus alunos e dizer que acredita no poder da ciência para mudar a África. “Todos os dias, em nosso continente, nós viramos uma nova página. E hoje escrevemos uma nova. Esse prêmio não é um reconhecimento a mim, mas sim aos jovens desse grande continente que é a África. O Global Teacher Prize diz a eles que eles podem fazer qualquer coisa. O dia é uma criança e há uma nova página a ser escrita. É a hora da África”, disse.

Tabichi superou outros nove candidatos, dentre eles a professora brasileira Débora Garofalo, que ensina robótica na Escola Ary Parreiras, na periferia de São Paulo. Outro brasileiro, o pernambucano Jayse Ferreira, também figurou na lista dos 50 melhores professores do mundo.

Fabricio Vitorino


O professor recebeu, ainda no palco, os parabéns do presidente queniano, Uhuru Kenyatta, que também apostou no futuro do continente. “Você nos dá fé de que os melhores dias da África estão adiante. Sua história, Peter, é a história de nosso continente. Tudo o que precisamos é estarmos unidos para darmos aos alunos uma chance”.

Em sua rotina, Tabichi lida com problemas também muito comuns aos professores de áreas críticas no Brasil, como tráfico de drogas, gravidez prematura, abandono escolar e suicídios – além de jovens que caminham até 7km para assistirem às aulas. Sua turmas chegam a ter 58 alunos – e sua escola tem apenas um computador com uma conexão de internet de baixíssima qualidade.

Apesar das dificuldades, seus alunos criaram um dispositivo que ajuda pessoas cegas e surdas a medirem objetos e se classificaram para a feira internacional de ciências e engenharia, promovida pela Intel. Com outra experiência, sua turma de ciências levou o prêmio de química da Royal Society of Chemistry, por usar uma planta para gerar eletricidade.

Considerado o Nobel da Educação, o Global Teacher Prize é realizado há cinco anos pela Varkey Foundation – uma organização sem fins lucrativos criada para promover a educação. Foram mais de 30 mil professores inscritos, dos quais 50 foram pré-selecionados para a semifinal e apenas 10 vieram a Dubai para a grande final. O evento atraiu mais de 1.700 pessoas de 144 países.

Na edição de 2015, o prêmio ficou com Nancie Atwel, dos Estados Unidos. Em 2016, foi a vez de Hanan Al Hroub, da Palestina, ficar com o título. Em 2017, quando o Brasil teve seu primeiro representante no top 10, o capixaba Wemerson da Silva, Maggie MacDonnel foi eleita a melhor professora do mundo. Em 2018, foi a vez da britânica Andria Zafirakou levar US$ 1 milhão – superando outros nove candidatos, dentre eles o professor paulista Diego Mahfouz.

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