Programa Cisternas nas Escolas faz escola de Ipiranga ser referência no Nordeste

A experiência foi apresentada em Recife, na última terça-feira, em evento sobre o programa Cisternas nas Escolas.

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O município de Ipiranga do Piauí, na região valenciana, que tem grande potencial na produção de caju, buriti, pequi e cana-de-açúcar, virou uma potencia referencial por causa da educação contextualizada implantada na Escola Municipal Liberato Vieira e do programa Cisternas nas Escolas. O novo modelo, que mudou a realidade local, mantém os alunos por mais tempo no ambiente escolar e integra o ensino com o uso de horta e do viveiro de mudas. A experiência foi apresentada em Recife, na última terça-feira, em evento sobre o programa Cisternas nas Escolas.

A escola fica na comunidade rural Brejo da Fortaleza, a 15 quilômetros da cidade de Ipiranga e possui cerca de 300 famílias. Surgiu há mais de 100 anos com o nome de Buriti das Éguas por causa das muitas éguas que bebiam nos brejos rodeados por buritizais. Depois incorporou o atual nome por causa dos brejos férteis, e Fortaleza em função da variedade de frutos existentes.

Com o programa Cisternas nas Escolas, a escola ajudou brotar nas mentes dos alunos o interesse pela convivência com o Semiárido. A partir de 2009, quando a cisterna foi construída, a realidade da escola e da comunidade começou a mudar. Hoje os alunos aprendem, na prática, a importância de produzir alimentos de boa qualidade, pois nenhum tipo de agrotóxico é utilizado.

A educação contextualizada ganhou mais força em 2013 com a instalação de um viveiro de mudas, fruto do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), executado pela Escola Paulo de Tarso. Os cuidados com o viveiro e a horta envolvem a comunidade, alunos, a direção e professores, que fazem a doação de mudas às famílias. O viveiro conta com mais de 20 tipos de plantas.

A comunidade escolar fala sobre o projeto com orgulho e amor. A iniciativa beneficia mais de 200 alunos com idades entre 3 e 14 anos, que dão importantes lições sobre convivência com o Semiárido.

A diretora da escola Liberato Vieira, Reginalda Alves, disse que a cisterna tem uma importância muito grande para a escola e comunidade. As mudanças ocorreram em todos os sentidos. “Podemos dizer que temos alunos com mentes mais voltadas para a realidade do Semiárido. Os alunos estão mais atentos e participativos em todas as ações. Com a água da cisterna fizemos a horta e o viveiro e os alunos regam as plantas sem precisar a gente ficar mandando”, falou.

A aluna Verônica Fontes de Sousa disse que a cisterna ajudou na construção do viveiro e das hortas na escola. O programa ajudou a mudar o pensamento de muitos alunos da escola e levou a escola ser mais visitada pelos moradores.

“Antes, os portões eram todos fechados. A gente não podia entrar e agora nós podemos entrar, e vamos direto para o viveiro e para as hortas ajudar no que for preciso”, disse. “Quando entrou o projeto da convivência com o Semiárido aqui na escola, os alunos começaram a perceber o valor que tem nosso município. Antes achavam que só tinha futuro sair para outras cidades. E agora veem como a terra daqui tem futuro. O interesse dos alunos mudou muito. A gente passa o dia todo e quando chega a hora de ir para casa não queremos sair”.

Viveiro e horta motivam alunos e moradores

A professora Lurdiana Silva Pereira disse que a cisterna melhorou a educação na Escola Municipal Liberato Vieira, em Ipiranga do Piauí. Antes da cisterna, segundo ela, os alunos eram meio inquietos. Não tinham muito interesse pelas aulas. “A partir da cisterna vieram o viveiro e a horta e a gente aproveitou o projeto nas nossas aulas. Então o que a gente via na teoria a gente começou a levar para eles na prática”, explicou.

O aluno Francisco José Pereira Ramos, que vai cursar a 6ª série, explicou que o programa Cisternas nas Escolas mudou muito a mentalidade dos alunos. Isso, segundo ele, porque eles começaram a plantar muitas hortas. “A cisterna evitou que a gente pegasse água da torneira para aguar as plantas. Passei a me dedicar mais aos estudos. Vou para a escola e passo o dia todo lá. Hoje me sinto bem melhor porque tem a cisterna para aguar as plantas”, falou.

O motorista e pai de aluno Joseraldo da Silva Fontes falou que a cisterna serviu para estimular os alunos a gostar mais da escola. “Eu conheci antes da cisterna e vejo que a diferença é grande. Os meus filhos passaram a gostar mais da escola”.

O vigia da escola e pai de aluno, Josinaldo de Carvalho Silva, comenta que antes da cisterna, os alunos apenas entravam na sala de aula e quando terminava iam embora. “Não tinha outras atividades que hoje está tendo. O comportamento dos alunos melhorou. Até a amizade entre eles melhorou bastante”, comentou.

A mãe de aluno, Josefa Maria de Barros, Zefinha, disse a que escola no início era muito diferente. Segundo ela, os alunos aprenderam a plantar canteiros e cuidar das plantas. “Estou muito satisfeita com tudo que aconteceu aqui. Meu filho não sabia fazer um canteiro e nem fazer uma mudinha e hoje ele faz e só quer estar na escola o dia inteiro”.

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