O projeto Leitura Livre pretende incentivar a leitura e a educação em unidades prisionais do Piauí. Para cada livro lido, o detento pode ter uma redução de quatro dias no tempo de sua pena. No entanto, por ano, podem ser lidos apenas 12 livros, o que representa uma redução de 48 dias do período prisional.
O presidiário deve ficar com um livro num prazo de 30 dias, para que leia e discorra uma resenha ou resumo e também participe de roda de debate com os demais leitores. Os textos produzidos serão analisados por comissão formada por professores e pedagogos.
A iniciativa partiu da Secretaria Estadual de Justiça, em parceria com a Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Piauí e da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), que para unir forças, assinaram o Termo de Cooperação do Projeto Leitura Livre, em solenidade ocorrida na manhã de quarta-feira (08), no ginásio da Penitenciária Feminina de Teresina.
De acordo com Daniel Oliveira, secretário de Justiça do Estado, o projeto de leitura tem a proposta de dar novas oportunidades e educação aos detentos, contribuindo assim com a ressocialização.
“Estamos buscando exatamente a ressocialização através da leitura e da educação. É nisso que acreditamos. Além de garantir uma segunda chance a quem errou.
O nosso objetivo é melhorar a parte da segurança pública, reduzindo os índices de reincidências e de criminalidade. Dessa forma, vamos dar novas oportunidades de vida dentro e fora dos presídios”, destaca o secretário.
Para Sebastião Martins, corregedor da Justiça, a intenção do projeto é garantir os direitos legais dos detentos como cidadãos brasileiros. “Nós estamos buscando humanizar os presídios.
Todos os presos, para a Constituição Federal e na Lei de Execução Penal, perdem a liberdade, mas não os demais direitos da pessoa humana inclusive, o direito de lazer e educação. Esse programa é o grito ao conhecimento”, explica.
Já para Socorro Godinho, gerente da Unidade Prisional Feminina, o incentivo à leitura vai trazer novas perspectivas de vida aos presidiários. “Eu acredito imensamente no poder da leitura.
Porque até mesmo uma frase que você lê, você consegue fazer o mundo se abrir para si e daí você passa a enxergar as coisas de outra maneira. E esse projeto vai ampliar os horizontes, eles vão poder olhar o mundo de outra forma e com perspectivas diferentes”, pontua a gerente de presídio.
Seduc disponibiliza R$ 500 mil para projeto de leitura
A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) disponibilizou R$ 500 mil para a construção de salas de leituras e aquisição de mais livros. O anúncio foi dado pela secretária de Educação Rejane Dias, durante a solenidade do Projeto Leitura Livre na manhã de ontem (08).
"Nós estamos disponibilizando nesse convênio, um recurso no valor de R$ 500 mil. A ideia é que possamos estruturar, dentro dos presídios do Estado do Piauí, bibliotecas para incentivar a leitura.
E vamos contribuir no que tiver de modalidade que possa proporcionar aos detentos a continuidade dos estudos e a profissionalização. Porque tudo isso, é uma forma de ressocializá-los", ressalta a secretária.
Leitura Livre pretende atingir 1.500 detentos
O projeto Leitura Livre, que teve início na Penitenciária Regional Irmão Guido, em março deste ano, será estendido para todas as unidades prisionais do Estado. A intenção é atender, aproximadamente, 1.500 detentos.
Esse projeto partiu da iniciativa da psicóloga Vanessa Moura, que durante o contato com os presidiários ouviu inúmeros pedidos de leituras e decidiu emprestar seu próprio acervo com 50 livros aos detentos.
"Foi uma atitude que veio deles. Em atendimentos individuais, eles sempre pediam algo para ler. O que quer que fosse, até revista de fofoca. Então, eu vi que tinha uma demanda.
A primeira ideia foi de criar uma biblioteca. Mas só o fato de criar uma biblioteca não garante que eles passem a frequentar. Foi aí que pensamos no projeto que leva o livro ao preso", esclarece a psicóloga.
A psicóloga garante já ter notado mudanças no comportamento de detentos. "Tem dado certo. Já notamos mudança de clima no pavilhão, tranquilidade nas celas e a interação entre eles. Porque alguns têm nível de escolaridade mais elevado que outros e acabam se ajudando", afirma Vanessa Moura.
Produção textual - Pessoas diferentes e com histórias de vida distintas, porém trancafiadas em um mesmo espaço, um presídio. Dentre essa população está a professora de Letras, Lidiane Barbosa, detenta há seis meses na Unidade de Presídio Feminino em Teresina, que pretende contribuir com o projeto Leitura Livre e trabalhar com as colegas a produção de textos.
"Esse Leitura Livre é um projeto que veio muito bem abençoado. Para unir-se ao meu, ele traz a leitura para as meninas. Sou apaixonada por livros. A leitura na vida delas vai fazer com que elas leiam mais, sonhem mais e formem uma ideologia melhor", destaca a detenta.
O projeto de produção textual da detenta professora será um complemento ao projeto Leitura Livre, que vai orientar e aperfeiçoar com as colegas textos que serão produzidos.