Há pouco mais de dois meses, o Centro Municipal de Educação Infantil Santa Maria da Codipi, na zona Norte de Teresina, que atende 183 crianças de idades entre 3 a 5 anos, deu início ao projeto de leitura “Lê pra mim?”, em que os pais vão até a escola para contar histórias para os filhos.
A diretora da unidade escol0ar, Gardênia Almeida, explica que o projeto é de sua autoria e idealizado em parceria a um grupo de professoras. O projeto consiste em despertar o prazer e hábito pela leitura, além de proporcionar aos pais um momento de interação com as crianças dentro do ambiente escolar.
“Quando idealizamos o projeto foi visando também estimular os pais a lerem para os seus filhos. Ele acontece duas vezes na semana. Oito pais são convidados para virem para a escola fazer parte da leitura”, afirmou.
A diretora afirma que as crianças ficam encantadas com a presença dos pais na escola e contam as histórias não só para elas, mas aos companheiros de turma. Ela acrescentou que os pais também se sentiram motivados e valorizados por poder participar do processo de alfabetização dos filhos. Apesar da implantação recente, o projeto já mostra bons resultados.
“As mães elogiam bastante porque elas não tinham conhecimento o quanto é importante a leitura na vida dos filhos delas. Muitas mães acham que a criança só vem para a escola para brincar, mas hoje elas percebem que o projeto despertou o gosto das crianças para ler livros , até mesmo quando chegam em casa”, considerou.
De acordo com a gestora, a educação ainda é muito defasada em muitos lugares e quando chega os vestibulares é possível perceber que muitos estudantes têm uma grande carência no que se refere à dificuldade de leitura, produção e interpretação de texto.
Foi a partir dessa necessidade, que ela sentiu a motivação para montar o projeto no sentido de despertar o gosto pela leitura de forma prazerosa e sem precisar impor nada às crianças. Ela ressalta que a presença dos pais é fundamental para incentivá-los nesse momento devido ao laço afetivo entre eles.
“A comunidade em que estamos inseridos é muito carente e os próprios pais se sentem poucos valorizados. Desde que entrei na direção da escola, há pouco menos de um ano, encontrei os pais sem muito contato com a escola, então fui implantando esse trabalho para inseri-los através da conquista.
A educação infantil é o alicerce de tudo, então se conseguirmos implantar nas crianças, desde pequenas, o gosto pela leitura, elas não vão ter dificuldade nenhuma no futuro”, disse.
Segundo Gardênia Almeida, as mães que participam do projeto se dividem entre as diversas turmas e alunos para contar as histórias que são escolhidas pelas próprias crianças. Elas também recebem orientações da melhor forma de repassar o conteúdo dos livros, para que tenham entonação nas horas corretas, possam incorporar o espírito do enredo e atuem como se fossem os próprios personagens.
“A maioria das escolas da prefeitura se localizam nas periferias e a vida é muito difícil para essas crianças. Quando as mães vêm deixar seus filhos na escola, nós percebemos que elas depositam toda sua confiança na gente, já que essa é única riqueza que elas podem deixar e o único bem que nós podemos fazer”, pontuou.
Mães sentem reflexo de projeto em casa
Para a moradora da região da Santa Maria da Codipi, Bernardete Maria de França, que tem os filhos Angelina Maria, de 5 anos e Ângelo de Assis, 4, ambos matriculados na CMEI, o projeto é essencial para a vida deles, já que a leitura será o alicerce para o desenvolvimento de ambos, tanto no âmbito educacional, quanto no que se refere à vida pessoal.
"É muito importante esse tipo de projeto já que eles chegam muito eufóricos dentro de casa, me pedindo para contar histórias para eles. Eu posso sentir esse reflexo do projeto dentro de casa, já que eles estão mais interessados pela questão dos livros e da própria leitura", avaliou.
A doméstica relata que faz questão de participar da vida escolar dos filhos e, por isso, vai sempre à escola para ler as histórias e repete o ato todas as noites, antes dos pequenos dormirem.
A mesma situação se repete com a dona de casa Nádia Angélica e sua filha Mizia Naiele, de 5 anos e faz o 1° período e elogiou o projeto acrescentando que é preciso que os pais também façam a sua parte e não deixem que a educação fique somente com a responsabilidade dos professores.
"Esse projeto abre as portas do saber para a crianças, pois ela vai passar a adquirir muitos conhecimentos desde cedo, inclusive da própria cidade, já que nós lemos muitos livros das lendas e histórias de Teresina.
Nós, como pais, temos que incentivar e participar da vida escolar dos nossos filhos e, por isso, apoio esse projeto de iniciação da leitura e continuo em casa", expôs. (W.B.)
Secretaria Municipal de Educação monitora projeto
A superintendente da Secretaria Municipal de Educação de Teresina (Semec), Aurismar Sousa, declarou que realiza visitas na escola a cada 15 dias para acompanhar e monitorar se as atividades do projeto estão apresentando um resultado positivo dentro da sala de aula.
"Nós verificamos as atividades, os testes que eles fazem através das fichas, fazemos o acompanhamento analisado com o gestor e na própria reunião com os pais para ter um retorno de como está o projeto em casa em relação à escola", esclareceu Sousa acrescentou que a CMEI conseguiu atentar para a questão da leitura que estava adormecida e que toda a equipe elaborou o projeto com a visão de melhorar a qualidade de ensino.
O ponto de partida foi pensar na contribuição dos pais, já que a educação começa pela família, para que esse momento de leitura possa se tornar um hábito dentro de casa. Ela acrescentou que as crianças estão mais motivadas no que se refere à leitura e têm desenvolvido melhor a escrita.
"A educação infantil necessita ter um foco e, por isso, foi desenvolvido esse projeto no intuito de adquirir maiores habilidades no que diz respeito à oralidade e ao desenvolvimento cognitivo da criança como um todo.
A criança que lê, com certeza escreve melhor e tem uma visão e compreensão de mundo como um todo. Por isso, montamos uma cadeia envolvendo diretor, professor, alunos e os pais", falou.