Em Teresina, o número de animais abandonados nas ruas ou que estão em ONGs de proteção só aumenta. Problema que seria evitado se a capital possuísse um sistema de castração acessível à população.
Segundo voluntários de associações protetoras de animais, não há politicas públicas que incentivem o controle populacional de animais, diferente de outros Estados do país, que já oferecem o serviço gratuitamente.
A estudante Cláudia Lima é uma amante dos bichos . Todos os dias ela alimenta 10 gatos de rua e cuida de mais cinco em casa, sendo que três estão para ter filhotinhos. A jovem luta para conseguir castrar os animais que cuida, mas o procedimento custa caro nas clínicas da cidade.
“Há anos, nós protetores reivindicamos parcerias público-privadas, pois infelizmente não temos como arcar com todos os custos. São muitos lares temporários ofertados a animais de rua com algum problema de saúde ou mesmo saudável, que estejam apenas a procura de um lar com muito amor e carinho.
Infelizmente, não temos incentivo dos nossos políticos. Não temos condições de castrar todos os animais encontrados na rua, e as injeções, apesar de baratas, podem vir a desenvolver câncer no animal”, relata.
Ainda segundo Cláudia, muitos protetores estão endividados com os custos para dar uma vida digna aos animais que estão abandonados nas ruas ou dar tratamento veterinário para aqueles que sofrearam maus-tratos.
O custo com o procedimento de castração em Teresina é caro. Algumas clínicas chegam a cobrar mais de R$ 200, o que inviabiliza a esterilização de vários animais.
“Os protetores já estão endividados até com contas assumidas com algumas clínicas, que de certa forma se propuseram a fazer um preço mais em conta.
Temos animais espalhados por vários cantos da cidade que são alimentados por pessoas de bom coração, que todos os dias se dispõem a cuidar desses seres indefesos, que infelizmente aqui em Teresina não recebem nenhum tipo de incentivo. Não é feito um controle de natalidade dos animais”, reclama a estudante.
No final do mês passado, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) firmou uma parceria com o Hospital Veterinário Universitário (HVU) da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), que prometeu oferecer castração de cachorros e gatos a preços simbólicos à população de baixa renda. Entretanto, o serviço ainda não saiu do papel, pois ainda está sendo discutida a melhor forma de controle de natalidade.
Para Roseli Klein, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Piauí (CRMV-PI), o melhor investimento para realizar o serviço de castração e esterilização seria o “Castramóvel”.
O veículo é equipado com um centro cirúrgico que atende a população nas regiões mais afastadas da cidade, onde há uma maior concentração de animais soltos nas ruas.
“O controle de natalidade nos animais é questão de saúde pública, é meio ambiente, então as autoridades precisam agir rapidamente. Considero todas essas estratégias importantes, como a do convênio da FMS e do HVU, mas é necessário que agilizem o processo e o serviço saia do papel. Vale lembrar que esse não seria o plano ideal, mas todas as ações são bem-vindas”, explica.
Roseli, que já foi presidente da Associação Piauiense de Amor aos Animais (Apipa), lembra que a instituição possui um projeto para a construção do próprio Centro Cirúrgico e está arrecadando doações para ajudar na obra.
Quando terminado, o Centro atenderá a toda comunidade que deseja esterilizar o seu animal, mas como o procedimento requer gastos, quem tiver condições financeiras poderá pagar uma pequena taxa de custos.
“Quem quiser castrar seu animalzinho, hoje, em Teresina, infelizmente terá que pagar. A Apipa já firmou parceria com duas clínicas que realizam o serviço a preços reduzidos.
A proposta do Centro não é só apenas a castração, mas também realizar qualquer procedimento cirúrgico que hoje é oferecido nas clínicas”, finaliza.