Psicóloga Maria Rafart fala sobre transtorno de Borderline

Transtorno de Personalidade Borderline – Quando aquele que sofre, também causa muito sofrimento.

Psicóloga Maria Rafart fala do transtorno de Borderline | Reprodução
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Todos nós temos nossa personalidade, e para a Psicologia, possuir uma personalidade íntegra quer dizer que interagimos de forma saudável com quem nós somos e com o mundo ao redor. É um misto de compreender a si mesmo como um ser único, com fronteiras claras entre si e o outro, saber o próprio valor, direcionar-se com seus objetivos de curto prazo com coerência, junto com a compreensão de quem é o outro, apreciar as experiências alheias e ter vínculos saudáveis com terceiros. 

Basicamente, um ser mentalmente saudável sabe quem é, respeita, e também respeita quem os outros são. A personalidade de um indivíduo está na sua raiz, no seu íntimo, e mostra a forma como ele interage consigo mesmo (o “self”), e como interage com o mundo ao redor. 

Um transtorno de personalidade ocorre quando há prejuízos no funcionamento dessa personalidade, daí a palavra “transtorno”. 

Pode haver uma disfunção nessa interação consigo mesmo e com o mundo. Podem acontecer problemas com a própria identidade e com o direcionamento da própria vida. Podem acontecer interações pouco saudáveis com os outros, como excessiva dependência, rejeição ou pobreza de vínculos afetivos.  

Psicóloga Maria Rafart - Foto: Reprodução

Os critérios para este diagnóstico devem ser muito bem observados por profissionais da Psicologia e Psiquiatria, para que não haja confusão com os transtornos que uso de substância causam, ou confusão com a fragilidade típica do período da adolescência, por exemplo.

O Transtorno de Personalidade Borderline tem as seguintes características: você encontra uma pessoa que tem uma autoimagem muito instável (ou seja, ela oscila muito entre “se achar” ou se sentir a pior das pessoas); pode ser instável também em seus objetivos, o que a transforma naquela pessoa “que não sabe o que quer”, ou “que muda de plano como quem muda de roupa”. 

O Borderline pode se relacionar também de forma instável, ora amando, ora odiando, ora sentindo-se desvalorizado, ora carente e implorando por atenção. A cereja do bolo do transtorno de personalidade borderline é a sua impulsividade: a pessoa pode se expor a riscos dos mais variados, ser hostil demais, e ser muito explosiva. 

É como se a pessoa não fosse muito “adaptada” ao mundo. Daí o termo “border”, que quer dizer limite, fronteira. O borderline oscila entre o mundo real e um mundo imaginário muito persecutório. Pode sentir uma sensação de grande vazio interior. Pode ainda ter explosões de estresse se se sentir provocada ou injustiçada. Pode mudar de opinião e direcionamento profissional com muita frequência, o que causa mais frustração ainda, em fases cíclicas. 

O borderline não entende muito o outro, pois na maior parte das vezes está preocupado com as injustiças que ele acha que o outro comete. É uma pessoa que implora por carinho, às vezes de um jeito brusco. Quando não consegue o que quer, entra em grande conflito. A carência do borderline faz com que ele tenha medo de ser abandonado, e esteja sempre prevendo o pior nos seus relacionamentos. Causa tanto estresse com isso, que os relacionamentos realmente acabam, pela sua própria insegurança de separação.

Os sentimentos de raiva são mal processados pelo borderline, e ele pode ser muito hostil e facilmente irritável.

Há prováveis causas genéticas que podem ser acentuadas pelo comportamento, e por isso, a indicação e de acompanhamento psiquiátrico para medicação adequada a alguns sintomas, como ansiedade, e terapia, onde o paciente pode trabalhar melhor a sua tolerância à frustração e a sua noção de realidade.

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