Uma pessoa baleada, três pessoas feridas, um veículo modelo Renault e uma motocicleta incendiados, foi o resultado de um ataque de 20 seguranças aos invasores de terreno de 220 hectares no povoado Borborema, na zona rural de Teresina e a 28Km do centro da cidade, próximo da nova ponte sobre o rio Poti, do anel viário, que liga as rodovias BRs 316 e 343.
O carro e a motocicleta são dos invasores. No domingo passado, dois seguranças já haviam feito ataques a invasão disparando seis tiros contra um veículo Fiat Uno de um dos invasores do terreno, chamado Fernando, que terminou baleado no ataque das 18h desta sexta-feira (2). Ele está internado no HUT (Hospital de Urgência de Teresina) e tem ferimentos na perna direita causada por pancadas de pedaços de pau desferidas pelos seguranças do terreno.
O ataque dos 20 seguranças ocorreu por volta das 18h desta sexta-feira na invasão do povoado Borborema quando cerca de 15 pessoas invadiram o terreno.
Edvan Moraes Oliveira disse que às 18h desta sexta-feira seguranças chegaram armados de pistolas e revólveres e atiraram para todos os lados acertando quatro tiros em seu Renault.
Edvan disse que estava na porta do carro quando os seguranças o puxaram para longe veículo e fizeram também com que seu filho Caio Edvan de 6 anos saísse desesperado de dentro do carro e o menino acabou se ferindo no ombro direito. Segundo ele, em seguida, os seguranças atearam fogo no veículo destruindo a lataria, os bancos, restando somente as molas e cinzas.
“Os capangas me tiraram do carro e me puxaram, atiraram contra o carro. Eu só vim trazer a água para a invasão. Eu moro no bairro São Pedro, na zona sul de Teresina. Eu quero que a dona do terreno pague pelo prejuízo que me causou. Eu não vou aceitar ficar no prejuízo”, declarou Edvan Moraes Oliveira.
Até ao meio-dia de sábado ele não havia saído da invasão por não ter transporte.
O lavrador Francisco Augusto de Sousa, um dos líderes da invasão, disse que mora no bairro Todos os Santos, zona sudeste de Teresina e a ocupação do terreno de 220 hectares começou no dia 08 de junho deste ano. Segundo ele, os invasores saíram no dia 10 e retornaram no dia 12 de junho quando descobriram que as terras são do Banco do Nordeste (BNB) já que o antigo dono não pagou as hipotecas do terreno. Ele declarou que 110 famílias estão ocupando o terreno para fazer suas casas. Segundo ele, por volta das 18h desta sexta-feira, os 20 seguranças dispararam pelo menos 25 tiros contra as pessoas e as casas atingindo na perna um dos invasores, espancando outro invasor chamado Bernardo Costa que está sentindo forte dores e aparentemente teve fraturas na coluna e espancou ainda outra invasora que teve o seu braço faturado.
“Os jagunços dispararam 25 tiros, queimaram carros, motos, promoveram o terror. Nós acreditamos que um deles seja policial porque ele disse isso. Também queimaram as casas que nós erguemos e até nossos mantimentos. Não vai ficar assim. Se a polícia não impedir que os jagunços tente nos matar, nós vamos reagir”, falou Francisco Augusto de Sousa.
Foram destruídos três barracões de palha e cerca de 10 casas durante ataque desta sexta-feira.
O auxiliar de serviços gerais, Francisco de Assis Paiva Castelo, disse que mora na Ladeira do Uruguai e tem sua casa própria, mas estar na invasão para tentar participar do plantio de lavoura e produção de alimentos no povoado Borborema. Ele declarou que dois homens o chutaram, bateram com paus no seu braço esquerdo, fraturando sua mão. Está com braço na tipoia depois de ser atendido pelos médicos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do conjunto Renascença, zona sudeste de Teresina.
“Eles me chutaram, bateram com paus em minhas costelas, meus braços e me chamaram de vagabundo”, declarou Francisco de Assis.
Antonia Francisca Soares disse que é o terceiro ataque que os capangas fazem ao assentamento. Ela disse que na noite desta sexta-feira, puxaram os seus cabelos e a arrastaram, xingando ela de todos os nomes.
“A gente só vive com medo. Eu estou aqui tentando recomeçar minha vida porque morava no Santa Clara, zona sul de Teresina. Meus filhos ficaram com o marido e agora não tenho mais condições de ser empregada doméstica, por isso vim para ocupação para ver se trabalho com uma horta e tiro o meu sustento”, declarou Antonia lembrando que assistiu a outra ataque às 17h de domingo quando dois seguranças dispararam 6 tiros contra o veículo Fiat do seu companheiro destruindo o automóvel.
“Eles queriam me espancar, mas eu disse para não me tocarem porque não ia dar certo. Ele me puxaram no braço, me chamaram de rapariga e fuleira”, declarou a dona de casa Francisca Maria que está na ocupação a três meses que atualmente mora no Todos os Santos.
Reportagem e Fotos: Efrém Ribeiro