Quando se é criança brincar está sempre em primeiro plano. Algumas vezes a brincadeira não sai como planejado e a consequência quase sempre é uma queda, que dependendo da gravidade necessita de uma avaliação médica. Somente este ano, o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) já atendeu 5.833 crianças, de 0 a 14 anos. Dentre estas, o motivo queda se destaca em primeiro lugar com 1.558 registros, correspondendo a 26,7% do total de atendimentos de crianças. Em seguida vem o mal súbito com 680 atendimentos e em terceiro lugar dor abdominal com 510 registros de entrada.
Entre os tipos de quedas, segundo o pediatra do HUT, Dr. Antonio Lopes Filho, as quedas do mesmo nível e de outras alturas são sempre as mais comuns.
“As quedas variam de acordo com o local que a criança mora. Recebemos muitos casos de cidades do interior do Piauí onde as crianças caem da rede, de cima de muros e árvores. Em Teresina é mais comum atendermos crianças que caem do brinquedo da escola, janelas, redes e camas. Para se ter uma ideia este ano já atendemos 861 casos de crianças vítimas de quedas do mesmo nível, 447 de outras alturas e 125 de quedas de leito ou rede, entre outros casos. Esses são apenas nossos principais motivos de entrada no HUT por queda de crianças de 0 a 14 anos”, explicou o pediatra.
Dr. Lopes disse ainda que, no dia a dia de uma emergência pediátrica, as fraturas de membros e clavículas são as demandas mais comuns, principalmente entre os meninos.
“Temos casos mais graves como os traumatismos cranianos e os traumas fechados que necessitam de mais tempo de recuperação. Os meninos costumam se acidentar mais que as meninas. Aqui no HUT mais 60% das crianças atendidas são do sexo masculino. Os adultos precisam ficar atentos para que as crianças possam brincar com segurança”, ressaltou o médico.
Icaro Henrique e Maycon Deyve, ambos com 11 anos de idade, deram entrada no HUT quase no mesmo dia. O motivo foi o gosto parecido de brincar subindo em árvores e muros. Maycon, que é da cidade de Regeneração, gosta muito de subir em árvores e no último sábado não conseguiu se equilibrar ao tentar tirar uma manga do pé.
“Subi no pé de manga e tentei pegar a fruta apenas com uma mão. Me desequilibrei e cai. Quebrei o braço esquerdo. Não quero mais subir em árvores”, disse.
Já o Ícaro subiu em um muro para brincar com os amigos. O muro acabou desabando e ele fraturou o pé.
“Eu sou o mais velho da minha turma. Todos saíram bem. Só eu que fiquei machucado. Agora não vou mais subir em muros. Vou brincar de jogar bola e videogame”, comentou.
O enfermeiro Rui Cipriano, gerente do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE), é responsável por investigar casos em que haja suspeita de negligência dos pais ou responsáveis no cuidado com suas crianças. De acordo com Rui quando a equipe suspeita de maus tratos o setor é notificado para que o caso seja avaliado.
“Analisamos o caso e dependendo da circunstancia nós notificamos e encaminhamos para Conselho Tutelar da região da família. Lá eles iniciam uma investigação mais complexa para saber se houve violência doméstica, abandono ou negligência”, destacou.