Fotografias e mensagens de texto anexadas ao pedido de prisão de Fabrício Queiroz — encontrado nesta quinta-feira (18) na Operação Anjo — mostram um pouco da rotina do ex-assessor de Flávio Bolsonaro em Atibaia, no interior de São Paulo.
Para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), a vida de Queiroz na casa — registrada como escritório do advogado Frederick Wassef — era “confortável e ativa”.
Queiroz, no entanto, afirmava estar mal de saúde, a ponto de não poder comparecer a interrogatórios -- ao ser preso, quinta, tornou a dizer que estava "muito doente".
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Em uma das imagens, tirada no dia 8 de dezembro, ele aparece bebendo cerveja e preparando um churrasco.
“As fotografias e mensagens de texto demonstram que, apesar de alegar não poder depor por suposta indicação médica, o operador financeiro da organização criminosa levava uma vida confortável e ativa, aparentando estar bastante saudável, chegando a ingerir bebidas alcoólicas e comer churrasco com ‘amiguinhas’ de seu filho”, diz trecho.
As "amiguinhas" a que Queiroz se refere são colegas convidadas pelo filho, Felipe, como indica mensagem de Queiroz para a mulher dele, Márcia, interceptada pelos investigadores.
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“Até que enfim, hein mulher. Acordou, hein. Devia ter tomado todas ontem. Felipe arrumou umas amiguinhas aqui. Nós então fizemos um churrasquinho aqui. Umas garotinhas bacaninhas, e vimos o Cruzeiro ser rebaixado... o Cruzeiro ser rebaixado tomando uma Corona aqui com limãozinho... Muito bom!”, diz o áudio.
A esposa de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar, estava foragida até a última atualização desta reportagem.
Risco contra provas
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu a prisão de Fabrício Queiroz por ter encontrado indícios de que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro continuava cometendo crimes.
Os investigadores acreditam que ele manipulava provas para atrapalhar investigações do esquema de rachadinhas – quando um servidor devolve parte do salário ao parlamentar – e pressionava testemunhas.
A TV Globo apurou que o MP considerou ter reunido três condições para pedir a prisão de Queiroz: continuava delinquindo, estava fugindo e vinha manipulando provas para atrapalhar as investigações.
O ex-assessor estaria coordenando ações entre ex-servidores do gabinete para ocultar a condição dos funcionários fantasmas que eram contratados pelo Flávio e, muitas vezes, escolhidas por Queiroz. Nesse acordo, esses funcionários não trabalhavam, recebiam apenas uma parte do salário e o restante era desviado no esquema da rachadinha.
Os investigadores encontraram indícios de que Queiroz vinha tentando acessar esses ex-servidores para apagar os registros dessas irregularidades.