Lorenza de Pinho, morta no dia 2 de abril deste ano, em Belo Horizonte, nasceu Lorenza Maria Santos Silva, em 25 de agosto de 1979, na capital do Paraná, Curitiba. Filha de um piloto de avião e de uma comissária de bordo, ela se mudou com a família, ainda criança, para Minas Gerais. Tinha apenas uma irmã, gêmea.
O Ministério Público denunciou o marido dela, o promotor André de Pinho, por assassinato. Ele está preso desde o dia 4 de abril. Investigações apontam que Lorenza pode ter sido morta em um ritual macabro.
"Ela sempre foi muito faladora, muito sapeca, mas muito obediente", lembrou o pai dela, Marco Aurélio Alves Silva, em entrevista ao G1 nesta terça-feira (18).
O perfil descrito por ele é muito diferente do apontado pelas investigações. O prontuário médico de Lorenza tinha 14 mil páginas. Segundo os investigadores, ela sofria de uma depressão profunda, agravada por problemas com álcool e remédios.
"Eu fui saber desses problemas há pouco tempo. Há cerca de três anos, período que coincidiu com a enorme crise financeira que eles passavam. Minha filha nunca teve depressão antes do André. Ele a afastou de nós, de mim, da irmã, da tia, dos amigos. Ele a isolou", disse o pai.
Lorenza estudou nos colégios Promove e Santo Antônio, tradicionais instituições de Belo Horizonte. Sonhava em conhecer o mundo e se formar em administração. Ela fazia o curso na Una, mas, três meses antes da graduação, desistiu. Na época, Lorenza havia engravidado do então namorado, André de Pinho, e resolveu se casar.
"Eu nem sabia quem ele era. Um dia ela chegou em casa com a certidão de casamento e disse, ‘papai, me casei e estou grávida’'" E aí foi morar com André na casa do pai dele. Ele já era promotor na época”, disse Marco Aurélio.
Lorenza tinha 23 anos na época. Ela e André tiveram cinco filhos. Lorenza morreu aos 41 anos.
“Eu sinto falta de tudo sobre minha filha. Arrancaram uma metade de mim”, falou o pai de Lorenza.
Ritual macabro
Lorenza de Pinho pode ter sido assassinada em um ritual macabro, segundo fontes ligadas à investigação. O Ministério Público afirma ter provas suficientes de que o promotor cometeu o crime sozinho.
A falta de sangue no corpo de Lorenza intriga os investigadores. Ela não foi explicada pelo laudo da necropsia. O legista só conseguiu extrair 25 ml para fazer os exames toxicológicos e de dosagem de álcool.
“Uma mulher normal, de um peso normal, (tem) uma média de cinco, cinco litros e meio de sangue no corpo”, disse o legista Marcelo Mares Castro.
Na agenda do promotor foram encontrados dois contatos de cursos de tanatopraxia, técnica de conservação de cadáveres que consiste na troca do sangue por substâncias sintéticas. Em depoimento, ele negou ter feito esse curso.
A pedido do Ministério Público, a Polícia Civil também analisou se o casal frequentava algum local destinado a prática de atividades de cunho religioso.
A defesa nega que André tenha feito algum procedimento no corpo de Lorenza. Desde o início das investigações, ela também nega que o promotor tenha cometido algum crime.
O corpo dela ficou no apartamento das 7h30, quando a equipe médica foi embora, até cerca de 14h, quando foi levado pela funerária.
O Ministério Público não incluiu esse fato na denúncia pra não perder o prazo de 30 dias e também porque não considerou que isso poderia mudar a acusação.