Entre os deputados campeões de voto as últimas eleições, há 20 nomes que são estreantes na Câmara. Muitos já tinham trajetória política, principalmente como deputados estaduais e vereadores. Outros ganharam projeção por diferentes motivos: suas famílias (caso de João Campos, filho de Eduardo Campos), o trabalho na TV (como Hélio Costa e Mara Rocha) ou a associação com o presidente Jair Bolsonaro (foi o que "turbinou" a candidatura Hélio Fernando Barbosa Lopes, o Hélio Negão).
Para apresentar as novas caras da Câmara, o UOL fez um resumo da trajetória desses 20 parlamentares e das ideias que eles defendem - o tema mais citado foi segurança (8 eleitos), seguido por impunidade (3) e educação (3). Todos foram os mais votados em seus estados.
Osmar Neto (PRB-ES)
O radialista capixaba de 42 anos trabalhou em diversas rádios do Espírito Santo, principalmente como narrador esportivo, até virar apresentador do programa Balanço Geral da TV Vitória, afiliada à Record. Durante o mandato parlamentar, Neto estará no programa aos sábados. Entre 2012 e 2014 apresentou o Brasil Urgente Minas, da Band. Em 2014, foi eleito deputado estadual. Em 2016, foi para o 2º turno, mas não venceu as eleições para prefeito de Vitória.
O valor total de seus bens declarados é R$ 929,7 mil. "A quantidade de votos é justificada pela popularidade do programa de TV --o Balanço Geral--, o trabalho como deputado estadual, a campanha de 2016 para prefeito de Vitória, que deu visibilidade maior às nossas ideias e propostas para a capital, e o sentimento de mudança que tomou conta nas eleições 2018", afirma Neto.
Nossas principais bandeiras são a segurança pública, turismo e infraestrutura. Sobre projetos, o deputado afirma que pretende levar a Brasília ideias que apresentou na Assembleia capixaba e que acabaram não avançando, pois seriam "temas de competência federal". Podem esperar do meu mandato: compromisso, dedicação e muito trabalho. O grande desafio é aprovarmos as mudanças que o Brasil precisa.
Benes Leocádio (PTC-RN)
Benes Leocádio, 52, foi prefeito de Lajes (RN) por cinco mandatos. Em agosto de 2018, seu filho Bener Júnior morreu assassinado durante um assalto em Natal. Ao lado de Jair Bolsonaro, durante a campanha, o deputado mostrou interesse em "modificar as leis penais em nosso país e endurecer as leis para reduzir a impunidade no Brasil. Falo como quem sofreu na pele a perda de um ente querido". O valor total de seus bens declarados é R$ 1,57 milhão.
Camilo Capiberibe (PSB-AP)
Nascido em Santiago do Chile, Camilo Capiberibe, 46, veio para o Brasil por causa do exílio de seus pais, os também políticos João e Janete Capiberibe. Começou a vida política como presidente do centro acadêmico da PUC-Campinas, onde formou-se em direito. Em 2006, tornou-se deputado estadual do Amapá. Em 2010, foi eleito governador do Amapá. O valor total de seus bens declarados é R$ 565 mil.
"Fui deputado estadual e governador e, nessa trajetória, pude promover ganhos para a sociedade. Esse foi o principal fator", diz Capiberibe sobre ser o candidato a deputado federal mais votado do Amapá. Lutar pelo desenvolvimento sustentável com respeito às populações tradicionais e aos direitos humanos.
O agora deputado federal afirma estar debatendo projetos na área de meio ambiente e da participação política, mas que ainda não estão prontos para apresentar. Sobre o que esperar de seu mandato, Capiberibe responde: Mandato de luta pela preservação de direitos (não de privilégios!), inclusão social e produtiva. Fiscalização do poder executivo e apoio a agendas positivas para o país (se houver).
Capitão Wagner (Pros-CE)
Nascido em São Paulo, Wagner Sousa Gomes, 40, mudou-se para Fortaleza (CE) ainda criança. Formou-se técnico em eletrotécnica, tornou-se policial militar e ingressou na PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Especialista em legislação de trânsito e legislação militar, é professor da Academia de Polícia Militar. Começou na política em 2010, quando concorreu ao cargo de deputado federal, para o qual não foi eleito. Em 2012, tornou-se vereador do Ceará e, em 2014, deputado estadual. Em 2016, foi para o 2º turno na disputa pela Prefeitura de Fortaleza, mas perdeu o pleito.
Em seu material de campanha, ele indica as seguintes bandeiras: defesa dos trabalhadores, dos servidores públicos, dos profissionais de segurança, da transposição do rio São Francisco, mais segurança pública, melhoras na saúde e educação, defesa dos bons costumes e da família, redução do Congresso Nacional e instalação da CPI do narcotráfico. O valor total de seus bens declarados é R$ 908,7 mil.
Flavia Arruda (PR-DF)
Formada em educação física e estudante de direito, Flavia Arruda, 39, é casada com o ex-governador José Roberto Arruda, com quem tem duas filhas - em setembro passado, Arruda foi condenado a mais de 7 anos de prisão pelos crimes de falsidade ideológica e corrupção de testemunha.
Flavia apresentou na Band de Brasília o programa Nossa Gente e fez a previsão do tempo no programa do jornalista Boris Casoy, também da Band. Como primeira-dama, diz ter incentivado projetos sociais: Conheço a difícil realidade das famílias e dos trabalhadores brasilienses, especialmente de quem vive nas cidades satélites e no entorno. A base do trabalho que será desenvolvido no mandato vai priorizar projetos que possam beneficiar essa parcela da população. O valor total de seus bens declarados é R$ 774,9 mil.
Gervásio Maia (PSB-PB)
Gervásio Maia, 43, tem família de políticos: é neto do ex-governador da Paraíba João Agripino Filho e filho do ex-deputado Gervásio Bonavides Mariz Maia, ambos considerados por ele referências em sua vida e na política. Em 2002, foi eleito pela primeira vez deputado estadual --no total, foram quatro mandatos (2006, 2010 e 2014).
Atuou como presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba entre 2017 e 2019. Em entrevista divulgada em sua página no Facebook, o deputado afirmou que vai fazer uma oposição propositiva. Não estarei dos dois lados do campo: tem que ter um lado, o meu é o do campo das oposições. Eu não votei em Bolsonaro. Eu vou exigir do presidente que ele olhe para a Paraíba enxergando um estado que fez o dever de casa e que precisa muito dos recursos do governo federal. [...] A boa política é aquela feita para todos. O valor total de seus bens declarados é R$ 2,9 milhões.
Haroldo Cathedral (PSD-RR)
Haroldo Cathedral, 65, se descreve como empresário, engenheiro da computação, administrador de empresas e doutor em ciências sociais. Em sua estreia na política, ele conta que, à frente da Faculdade Cathedral, "percebeu as angústias e desejos da população, o que o provocou a assumir um papel relevante e definitivo na busca pelas resoluções desses problemas".
Esse papel, continua, só pode ser assumido se estiver na posição de "representante, de consolidador, de defensor desses anseios". Seu foco na política será voltado à educação, segurança e social. O valor total de seus bens declarados é R$ 14,8 milhões.
Hélio Costa (PRB-SC)
Conhecido por apresentar programas de rádio e TV em Santa Catarina, como o Balanço Geral, Hélio Costa, 64, diz ter se candidatado para "intensificar a luta de ser a voz do povo". No site oficial de seu partido, ele destaca que o foco de seu mandato está na segurança. Fica difícil falar em melhorar a segurança pública quando o policial se esforça para captura de criminosos, que logo são colocados em liberdade. É preciso alterar a lei de execuções penais.
O novo deputado federal catarinense também menciona a importância do fortalecimento do conselho tutelar --para agir com mais rigor nos casos em que pais batem e abusam dos filhos-- e também se manifesta a favor da posse de arma. O valor total de seus bens declarados é R$ 135,1 mil.
Hélio Fernando Barbosa Lopes (PSL-RJ)
Hélio Lopes, 49, ficou conhecido nas eleições como "negão do Bolsonaro", devido à proximidade com o presidente eleito (os apelidos Hélio Bolsonaro e Negão do Bolsonaro servem como identificação de suas páginas nas redes sociais).
Em 2016, como Hélio Negão, tentou ser vereador de Nova Iguaçu pelo PSC, mas obteve 480 votos. O subtenente do exército apareceu depois da vitória, em um vídeo ao lado de Bolsonaro, em que os dois usavam uma camiseta com a estampa "minha cor é o Brasil". O valor total de seus bens declarados é R$ 0,00.
João Campos (PSB-PE)
Formado em engenharia civil, João Campos, 25, é filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Secretário estadual de organização do PSB, este é o primeiro cargo público que exerce. "Seguindo os passos do meu bisavô, Miguel Arraes, e do meu pai, estou preparado para apresentar uma pauta propositiva, dialogar e defender as questões mais relevantes para a redução das desigualdades em Pernambuco e no Brasil", afirma em seu material de campanha.
Entre as principais bandeiras que defende, estão a valorização de professores e melhoria nas escolas com aumento da participação da União no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), a disponibilidade de internet de alta velocidade em escolas públicas, o fortalecimento da formação cidadã nas escolas, a ampliação da instalação de dessalinizadores, soluções para recuperar o acesso ao crédito, defesa da economia inclusiva, da agricultura familiar e propostas de leis e política públicas para acesso a órteses e próteses. O valor total de seus bens declarados é R$ 123,4 mil.
José Ricardo (PT-AM)
Nascido no Rio Grande do Sul, José Ricardo Wendling, 54, mora em Manaus desde os sete anos. Foi vendedor de empresas de tecnologia, como Sharp e Sanyo, formou-se em direito e economia --desde 1989 atua como economista, tema que ensinou em universidades. Filiado ao PT desde 1995, concorreu pela primeira vez a vereador em 1996 --cargo que só alcançou em 2004, sendo reeleito em 2008. Em 2010, foi eleito deputado estadual.
O valor total de seus bens declarados é R$ 1,42 milhão.
"Acredito que [recebi tantos votos] pela postura de fiscalização contínua ao governo do estado, seja nas escolas, nos hospitais e delegacias da capital e dos municípios do interior, vendo de perto os problemas da população, cobrando e propondo melhorias. Também pela prática de prestação de contas dos mandatos, em cima de uma kombi nos terminais e praças, ouvindo sempre a população e atuando de forma ética de transparente. Além disso, combatendo a corrupção e os desvios de recursos públicos.
Josimar Maranhãozinho (PR-MA)
Josimar Cunha Rodrigues, 42, nasceu em Várzea Alegre (CE) e se descreve como empresário. Tem três filhos com Maria Deusdete Lima, a Detinha, ex-prefeita do Centro do Guilherme (MA) e recém-eleita deputada estadual.
Foi prefeito de Maranhãozinho (MA) por dois mandatos consecutivos, de 2004 e 2008. Em 2014, foi efeito deputado estadual. "Minhas ações [...] foram, essencialmente, voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos maranhenses, em áreas importantes como: saúde, educação, esporte, infraestrutura", afirma no material de campanha. O valor total de seus bens declarados é R$ 14,6 milhões.
Léo Moraes (Pode-RO)
Léo Moraes, 35, foi eleito vereador em 2012, deputado estadual em 2014 e, em 2016, perdeu no segundo turno a disputa pela Prefeitura de Porto Velho. Em encontro com o presidente Jair Bolsonaro, ele apresentou aquelas que chamou de suas principais bandeiras: a duplicação da estrada BR-164 e o reparo da BR-319.
Moraes também luta contra o aumento nas contas de energia elétrica em Rondônia. "Meu compromisso é com a nossa gente e com Rondônia. Vamos atuar de forma independente sempre em defesa do povo, não de governos", diz seu material de campanha. O valor total de seus bens declarados é R$ 964,4 mil.
Mara Rocha (PSDB-AC)
Formada em educação física e jornalismo, Mara Rocha, 45, tem entre suas bandeiras a igualdade salarial: "A pessoa que desenvolve a mesma atividade, independentemente de ser homem ou mulher, não pode ganhar menos que o outro", afirmou em entrevista ao site de seu partido. Grande parte de sua experiência profissional foi em programas de TV.
No material de campanha, ela também apontou iniciativas para produtores rurais, construção e reformas de escolas e postos de saúde na zona rural, segurança jurídica para o produtor rural e parcerias para implantação de agroindústrias. Em seu perfil no Instagram, a deputada postou uma montagem em que aparece ao lado do presidente Jair Bolsonaro com a seguinte legenda: "Esquerda nunca mais! Eu sou Bolsonaro 17 para libertar o Brasil". O valor total de seus bens declarados é R$ 125 mil.
Marcel Van Hattem (Novo-RS)
Nascido em Dois Irmãos (RS), Marcel Van Hattem, 33, é graduado em relações internacionais pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e mestre em ciência política pela Universidade de Leiden (Holanda). Aos 18 anos, foi vereador em Dois Irmãos.
Candidatou-se a deputado estadual três vezes (2006, 2010 e 2014), mas não foi eleito --neste último pleito, ficou como primeiro suplente e assumiu o cargo em fevereiro de 2015, com a nomeação do então deputado Pedro Westphalen para a secretaria de transportes.
Van Hattem, um dos fundadores do MBL (Movimento Brasil Livre), anunciou recentemente sua candidatura à presidência da Câmara. A decisão fez com que o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) retirasse sua candidatura para apoiá-lo: "Não vejo motivo para manter as duas candidaturas defendendo as mesmas ideias", afirmou Kataguiri. O valor total dos bens declarados de Van Hattem é R$ 7.872.
Nelson Barbudo (PSL-MT)
O produtor agropecuário de 58 anos foi eleito vereador de Alto Taquari (MT) em 2008. Apoiador de Jair Bolsonaro, em seu discurso de diplomação ele afirmou empenhar sua "palavra para lutar a favor do agronegócio". "Não medirei esforços para a regularização fundiária dos assentados, cujas tratativas já iniciei antes mesmo de ser diplomado. E jamais esquecerei a agricultura familiar", continuou, dizendo ter atendido a um "chamado do capitão para promover a mudança neste pais".
Nesse mesmo discurso, ele reforçou sua luta para o Mato Grosso estar "mais bem inserido em sua capacidade comercial e industrial, na produção de grãos, carnes, peixes e todo tipo de proteína que poderá matar a fome de grande parte dos brasileiros e talvez do mundo inteiro". O valor total de seus bens declarados é R$ 2.500.
Pastor Sargento Isidório (Avante-BA)
Manoel Isidorio, 56, foi eleito deputado estadual da Bahia em 2002, sendo reeleito para o cargo em 2010 e 2014. Também tentou, sem sucesso, ser deputado federal em 2006 e prefeito de Salvador (2012 e 2016). Em sua biografia, ele diz ser "doido por Jesus" e também líder espiritual da fundação Dr. Jesus, que desenvolve um trabalho de recuperação e ressocialização de dependentes químicos.
Evangélico, ele afirmou em vídeo que em Brasília vai "apoiar tudo o que for bom" da Presidência da República. O valor total de seus bens declarados é R$ 400,8 mil.
Rose Modesto (PSDB-MS)
Graduada em história, Rose Modesto, 40, deu aula em escolas públicas. Em 2008, estreou na política com a eleição para vereadora em Campo Grande. Reelegeu-se em 2012. Em 2014, assumiu o cargo de vice-governadora do Mato Grosso do Sul e, em 2016, disputou a Prefeitura de Campo Grande --chegou ao segundo turno, mas perdeu.
Entre seus projetos de lei aprovados estão a lei da merenda escolar especial (com alimentação diferenciada às crianças portadoras de anemia e intolerância a lactose nas creches e escolas municipais), lei bolsa universitária municipal de graduação e pós-graduação (com financiamento para estudantes de bom desempenho e sem recurso para custear os estudos) e a lei botão do pânico (para detectar agressores de mulheres que desrespeitem medidas protetivas). O valor total de seus bens declarados é R$ 283,6 mil.
Sargento Fahur (PSD-PR)
O paranaense Gilson Cardoso Fahur, 55, trabalhou por 35 anos como policial militar rodoviário. Em 2014, foi candidato a deputado federal, mas perdeu o pleito. Em 2017, com a aposentadoria compulsória, entrou para a reserva remunerada da PM do Paraná.
A princípio, quis eleger-se deputado federal pelo PSL de Jair Bolsonaro, a quem apoia declaradamente. Porém, diz que os dirigentes do partido vetaram essa opção por razões estratégicas, fazendo com que optasse pelo PSD, liderado no Paraná por Ratinho Júnior. O valor total de seus bens declarados é R$ 493,4 mil.
Tiago Dimas (SD-TO)
Nascido em Uberaba (MG), Tiago Dimas, 30, vive há 29 anos em Araguaína (TO) --cidade onde seu pai, Ronaldo Dimas (PR), é prefeito. Em seu material de campanha, em que se descreve como empresário, ele afirma estar à frente de "programas de tecnologia para a cidade, atração de investimento e implantação de estágio remunerado para jovens na prefeitura". O valor total de seus bens declarados é R$ 328,3 mil.
Dimas está no meio político desde os 14 anos, acompanhando a carreira política do pai. "Tive oportunidade de aprender muito, inclusive na própria Câmara dos Deputados, onde fui office boy do seu gabinete e posteriormente ao seu mandato assessor na primeira-vice-presidência, meu primeiro emprego formal, e na primeira-secretaria. Também já fui presidente de um órgão municipal na minha cidade, Araguaína, e pude colaborar com o desenvolvimento de projetos para a cidade."