O aparecimento de uma espécie raríssima de raia manta gigante (Mobula birostris), totalmente negra (melanística), foi registrado por mergulhadores na costa de Itanhaém, no litoral de São Paulo. Em risco de extinção, esse é apenas o quinto animal do tipo a ser visto no Brasil, em 25 anos de registros.
A raia negra foi localizada no Parcel Dom Pedro II, por pesquisadores do Projeto Mantas do Brasil, patrocinado pela Petrobras e pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). A equipe foi comunicada por pescadores sobre a presença no animal no local. Eles se tornaram grandes aliados na localização e registro das espécies.
Considerada um exemplar gigante, a raia encontrada é fêmea e tem, aproximadamente, cinco metros de envergadura. Segundo a coordenadora administrativa e pesquisadora do projeto, Paula Romano, a espécie pode chegar a pesar 2 toneladas e ter 7 metros de envergadura.
"Conseguimos avistá-la apenas durante o nosso segundo mergulho, a cerca de 15 metros de profundidade. Depois, ela foi subindo com a gente até a superfície, e ficou na linha da água. Dessa forma, conseguimos registrar muitas imagens, como fotos e vídeos. Foi lindo".
A aparição do animal causou grande comoção entre os mergulhadores, que têm dedicado suas vidas a estudar os animais marinhos. Paula conta que, como a raia estava na superfície, os pesquisadores que estavam no barco conseguiram vê-la, e não seguraram o choro.
"Foi muito emocionante. Eu viajo muito em busca de raias mantas, mas ver uma delas no nosso litoral é totalmente diferente. É sempre uma emoção única. O que nos deixa mais fascinados é o comportamento desses animais".
Raia negra
De acordo com a coordenadora, a cor negra é decorrente do excesso de pigmento existente na espécie. O animal é totalmente negro no dorso, sem apresentar nenhuma macha branca, como é de costume nas raias mantas. Os locais mais comuns de se encontrar a raia negra são o Equador e o México, países com maior incidência desses animais.
"Registramos todos os espécimes encontrados no Brasil no nosso banco de dados, chamado Banco Brasileiro de Mantas. Até o momento, já identificamos 157 indivíduos diferentes. Agora, estamos no pico da temporada das raias mantas. Então, é normal que apareçam na nossa costa".
Com relação à aproximação, tudo é feito com a permissão do animal. Como as raias são curiosas, elas mesmas acabam se aproximando. A equipe realiza um estudo e a análise do comportamento dos animais, sem afugentá-los. Nos caso da espécie encontrada em Itanhaém, ela apresentava boas condições de saúde.
Paula ainda explica que, para os trabalhos de pesquisa e medição, a equipe sai para mergulhar sempre que o mar permite, o que às vezes é mais difícil durante o inverno. O Projeto Mantas do Brasil procura pela incidência dos animais em todo o litoral paulista.
Ela reforça, ainda, o fato de que as mantas são vulneráveis à extinção, por isso, é essencial que os pescadores tomem muito cuidado com linhas e redes, pois elas podem se machucar e até morrer.