Um ilustre brasileiro, desaparecido h? nada menos que 180 anos, foi reencontrado por pesquisadores escondido no que restou de floresta no sul da Bahia. O rato saiu? (Phyllomys unicolor) pode n?o ser o bichinho mais bonito da fauna brasileira, mas com certeza ? um dos mais raros. O achado foi comemorado por cientistas, que acreditam que mais exemplares da esp?cie devem estar por ali.
O roedor que vive em ?rvores, da fam?lia dos ratos-de-espinho, ? a segunda maior esp?cie do g?nero e pode chegar aos 30 cm de comprimento, sem contar a cauda. Ele s? tinha sido visto uma ?nica vez antes, em 1824, quando o alem?o Andreas Wagner o encontrou, levou para o museu Senckenburg, em Frankfurt, e descreveu. N?o fosse esse encontro, o mundo n?o saberia sequer que o bicho existia.
Quase dois s?culos se passaram e muitos pesquisadores j? acreditavam que o rato saui? era coisa do passado. Ele entrou na lista brasileira de esp?cies amea?adas de extin??o, mas muitos j? tinha perdido as esperan?as e consideravam o animal extinto. At? que o bi?logo Yuri Leite e seu grupo deram de cara com ele, no sul da Bahia, perto da cidade de Nova Vi?osa.
O animal encontrado pelos pesquisadores era ainda um filhote, que sobreviveu por pouco tempo. Tempo suficiente, no entanto, para encher os cientistas de expectativa. ?Ele era um filhote e tinha uma m?e, um pai e toda uma popula??o por tr?s?, afirmou Leite, da Universidade Federal do Esp?rito Santo, ao G1.
A esp?cie, explica o cientista, ? dif?cil de ser capturada. Como se alimenta de folhas, n?o ? atra?da por iscas. ?? dif?cil saber o qu?o raro ele ?. ? preciso um grande esfor?o e um pouco de sorte para encontrar esse bicho. Acho que tivemos um pouco de ambos?, diz o pesquisador, que divulgou seu achado na revista especializada ?Zootaxa?.
Segundo o revisor an?nimo da revista que avaliou o estudo, o achado ? important?ssimo. ?Este artigo descreve a redescoberta de um dos mam?feros mais raros do planeta?, disse o pesquisador, que afirma que se tivesse sido um macaco ou um p?ssaro encontrados, o assunto teria tido bem mais aten??o. Yuri Leite concorda: ?basta ver o estardalha?o que foi a suposta redescoberta do pica-pau-bico-de-marfim nos Estados Unidos h? dois anos, atrav?s de uma filmagem. Alguns especialistas ainda questionam se o filme seria mesmo desse pica-pau, mas a not?cia repercutiu como se tivessem encontrado Elvis vivo,? diz o brasileiro.
Para Leite, o rato saiu? n?o ? nem um pouco menos importante para a biodiversidade brasileira que qualquer outro animal e seu achado deve ser muito comemorado. Ele espera que a redescoberta do bicho chame a aten??o para a import?ncia de se preservar a regi?o. O rato saiu? aparentemente vive apenas nas matas alagadas do extremo sul baiano, em uma ?rea que n?o ? coberta por nenhuma unidade de conserva??o.
O pesquisador recomenda mais estudos sobre a esp?cie. ?Primeiro ? preciso conhec?-lo melhor: saber onde ele vive na regi?o, que tipo de ambiente ele prefere. Suspeito que sejam ?reas alagadas, como a que estudamos, mas pode ser que ele n?o ocorra s? nesse tipo de ambiente,? diz o pesquisador.
A equipe de Leite tentou buscar um financiamento de pesquisa para fazer exatamente isso, mas n?o conseguiu aprova??o do projeto.